NOTAS SOBRE A REPRESENTATIVIDADE FEMININA: DA LITERATURA AO CINEMA CONTEMPORÂNEO
NOTAS SOBRE A REPRESENTATIVIDADE FEMININA: DA LITERATURA AO CINEMA CONTEMPORÂNEO
Alexandra Vitória Modesto Feitoza 1, Emer Merari Rodrigues 2
Resumo
A literatura e o cinema constituem duas das diversas manifestações artísticas que acompanham os avanços sociais, políticos, culturais e estéticos de uma sociedade. Partindo deste pressuposto, percebe-se que, por séculos, as artes literárias e cinematográficas foram realizadas através de uma perspectiva hierárquica e patriarcal, levando à construção de modelos tradicionalmente excludentes, como a ausência de uma representatividade mais ativa do público feminino. Com o surgimento de movimentos feministas, em meados do século XX, as mulheres começaram a analisar, criticar e a julgar o conceito da identidade “mulher” que sempre foi disseminado nos cânones ficcionais de maneira universal, colocando-as em uma posição marginalizada e submissa. Assim, fez-se necessário uma reinterpretação das obras produzidas geralmente por homens, cuja visão assumiu o papel de justificar a subjugação feminina. O presente artigo objetiva trazer análises sobre algumas obras contemporâneas (como livro O Conto da Aia, de Margaret Atwood e o filme Mulan, lançado pela Disney), dando ênfase na nova construção simbólica que permite, mesmo que de forma sutil, a emancipação da figura frágil e dependente da mulher, trazendo uma reflexão atualizada sobre o seu lugar no mundo e na cultura.
Palavras-chave
Abstract
Literature and cinema are two of several artistic manifestations that accompany the social, political, cultural and aesthetic advances of a society. Based on this assumption, it is clear that, for centuries, the literary and cinematographic arts were carried out through a hierarchical and patriarchal perspective, leading to the construction of traditionally exclusionary models, such as the absence of a more active representation of the female public. With the emergence of feminist movements in the mid-twentieth century, the women began to analyze and judge the concept of "woman" identity that has always been universally disseminated in fictional canons, placing them ina marginalized and submissive position. Thus, it was necessary to reinterpret the works usually produced by men, whose vision assumed the role of justifying female subjugation. This article aims to bring analysis of some contemporary works (such as the book "The Handmaid's Tale" by Margaret atwood and the film "Mulan", released by Disney), emphasizing the new symbolic construction that allows, even if in a subtle way, the emancipation of the fragile and dependent figure of women, bringing an updated reflection on their place in the world and culture.
Keywords
Referências
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Submetido em:
18/11/2020
Aceito em:
02/12/2020