Este ensaio, a partir do trabalho de Conceição Evaristo de mesmo nome, apresenta uma visão sobre a situação da população negra no Brasil, centrado particularmente na vida de Ponciá Vicêncio, protagonista da obra, e na violação dos seus direitos humanos bem como a consequente desigualdade social experimentada por este grupo que na sua maioria possui um passado escravagista, sofre com a discriminação racial, evidenciado sobremaneira nas mulheres, perpassando pela memória da autora e a sua criação. Ponciá Vicêncio apresenta por meio de recordações o processo de escravização dos seus antepassados e que faz com que os tempos passado e presente se fundam na sua ânsia responder a si mesma: “Quem sou eu?” “O que me faz ser eu...”. Este ensaio pretende ainda apresentar como os laços e a herança familiar influenciam na formação das identidades dos sujeitos, na formação do capital cultural e na constituição das nossas subjetividades. Para dialogar sobre esses temas convocaremos, Bourdieu (2003), Nogueira (2017) e Hall (2020).

This essay, based on Conceição Evaristo's work of the same name, presents a vision of the situation of the black population in Brazil, centered particularly on the life of Ponciá Vicêncio, protagonist of the work, and on the violation of her human rights as well as the consequent social inequality experienced by this group, which mostly has a slave-owning past, suffers from racial discrimination, especially evident in women, permeating through the author's memory and her creation. Ponciá Vicêncio presents, through memories, the process of enslavement of her ancestors and which makes the past and present times merge in her eagerness to answer herself: “Who am I?” "What makes me me...". This essay also intends to present how ties and family heritage influence the formation of the subjects' identities, the formation of cultural capital and the constitution of our subjectivities. To dialogue on these themes, we will summon Bourdieu (2003), Nogueira (2017) and Hall (2020).