Revista de Economia e Sociologia Rural
https://app.periodikos.com.br/journal/resr/article/doi/10.1590/1806-9479.2023.284695
Revista de Economia e Sociologia Rural
ARTIGO ORIGINAL

Sociedades cooperativas de interesse coletivo: inspiração para o cooperativismo brasileiro do futuro?

Cooperative societies of collective interest (scic): inspiration for the brazilian cooperativism of the future?

Fábio Luiz Búrigo

Downloads: 0
Views: 180

Resumo

Este trabalho analisa as caraterísticas e funcionamento das sociedades cooperativas de interesse coletivo (Scic) francesas e suas possíveis contribuições para o aprimoramento do cooperativismo brasileiro. De natureza qualitativa, a metodologia emprega uma abordagem descritiva e exploratória, com uso de dados primários e secundários, visitas a organizações sociais e entrevistas realizadas na França entre 2022 e 2023. Desde o final do século XIX, diversos fatores fizeram as cooperativas multissocietárias, na qual diferentes tipos de público formam seu quadro social, praticamente desaparecerem do cenário cooperativista mundial. Em 2001, o parlamento francês resgata a multissocietariedade cooperativa, por meio da lei das Scic. Os resultados desta investigação indicaram que as Scic estão em plena expansão nos espaços urbanos e rurais franceses, mobilizando pessoas físicas e organizações públicas e privadas em torno de empreendimentos coletivos. As Scic estão gerando inovações no modelo estatutário cooperativo e no modo de governança, favorecendo a criação de diversos tipos de negócios, muitos dos quais de caráter intersetorial e de abrangência territorial. Conclui-se que uma adaptação desse formato organizacional ao quadro jurídico-institucional brasileiro estimulará projetos cooperativos inovadores em várias áreas, com destaque para iniciativas focadas na transição ecológica dos sistemas alimentares e no desenvolvimento sustentável dos territórios rurais.

Palavras-chave

cooperativas sociais, desenvolvimento territorial sustentável, ação coletiva, cooperativas multissocietárias, sistemas alimentares

Abstract

Abstract: This work analyzes the characteristics and functioning of French cooperative societies of collective interest (Scic) and their possible contributions to the improvement of Brazilian cooperativism. Qualitative in nature, the methodology employs a descriptive and exploratory approach, use of primary and secondary data, visits to social organizations and interviews carried out in France between 2022 and 2023. Since the end of the 19th century, several factors have shaped multi-member cooperatives, in which different types of public form its social framework, practically disappearing from the global cooperative scene. In 2001, the French parliament rescued cooperative multi-society through the Scic law. The results of this investigation indicated that Scic are expanding in French urban and rural spaces, mobilizing individuals and public and private organizations around collective enterprises. Scic are generating innovations in the cooperative statutory model and in the mode of governance, favoring the creation of different types of businesses, many of which are intersectoral in nature and have territorial coverage. It is concluded that an adaptation of this organizational format to the Brazilian legal-institutional framework will stimulate innovative cooperative projects in several areas, with emphasis on initiatives focused on the ecological transition of food systems and the sustainable development of rural territories.

Keywords

Social cooperatives, sustainable territorial development, collective action, multi-corporate cooperatives, food systems

Referências

Ansart, S., Artis, A., & Monvoisin, V. (2014). Les coopératives: agent de régulation au cœur du système capitaliste? La Revue des Sciences de Gestion, 269-270(5-6), 111-119.

Bancel, J. (2022). L’enjeu de l’identité coopérative à l’heure où la mondialisation est bousculée. Recma, 364, 16-26.

Becuwe, A., Chebbi, H., & Pasquet, P. (2020). La gouvernance coopérative, condition du référentiel durable d’une organisation?La Revue des Sciences de Gestion, 6(306), 11-18.

Bonnemaizon, A., & Béji-Bécheur, A. (2018) Démocratie du statut à l’action. Étude de cas d’une SCIC dans le secteur des musiques actuelles.Revue Française de Gestion, 276(7), 123-142.

Brasil. (2023). Lei n. 9.867, de 10 de novembro de 1999. Dispõe sobre a criação e o funcionamento de Cooperativas Sociais, visando à integração social dos cidadãos, conforme especifica. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília. Recuperado em 24 de maio de 2024, dehttps://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1999/lei-9867-10-novembro-1999-369585-publicacaooriginal-1-pl.html

Cáceres, D. H. (2023). Social enterprises in the social cooperative form. In H. Peter, C. V. Vasserot & J. A. Silva (Eds.), The international handbook of social enterprise law: benefit corporations and other purpose-driven companies (pp. 173-192). Genebra: Springer.

Cazella, A. A., Dorigon, C., & Pecqueur, B. (2022). Da economia de escala à especificação de recursos territoriais: introdução ao dossiê “Desenvolvimento rural e a Cesta de bens e serviços territoriais”. Raízes, 42, 01-21.

Confederation Generale des Scop et des Scic. (2024). Les Scic. Recuperado em 15 de abril de 2023, de https://https://www.les-scic.coop/.

Coop Fr. (2023). Panorama des entreprises coopératives. Edition 2022. Paris: Coop Fr.

DiMaggio, P., & Powell, W. (1983). The ironcage revisited institutional isomorphism and collective rationality in organizational fields. American Sociological Review, 48(2), 47-160.

Draperi, J. F. (2017). De la coopérative à la coopération... Et réciproquement. Recma, 343(1), 4-6.

Draperi, J. F., & Margado, A. (2016). Les Scic, des entreprises au service des hommes et des territoires. Recma, 340(2), 23-35.

Dubrion, B. (2021). Dépasser les tensions liées au multisociétariat: une analyse exploratoire institutionnaliste commonsienne du cas d’une Scic de la filière alimentaire. Revue Française de Socio-économie, 26(1), 195-214. La découverte.

Duverger, T. (2019). Les trajectoires de la coopération aux XIXe-XXe siècles: un mode original d’institution des communs. In C. Ferraton & D. Vallade (Eds.), Les communs, un niveau regard sur l’économie social et solidaire? Collection Territoires en Mutation (pp. 25-38). Montpellier: Presses Universitaires de la Méditerranée.

Emin, S., & Guibert, G. (2009). Mise en œuvre des sociétés coopératives d’intérêt collectif (Scic) dans le secteur culturel. Diversités entrepreneuriales et difficultés managériales. Innovations, 30, 71-97.

Filippi, M., Frey, O., & Mauget, R. (2008). Les enjeux des entreprises coopératives agricoles, la gouvernance coopérative face à l’internationalisation et la mondialisation des marchés? Les entreprises coopératives agricoles. In Colloque Safer (pp. 28-29). Paris: Safer.

Lamine, C. (2011). Transitions vers l’agriculture biologique Pour, 5: l’échelle des systèmes agro-alimentaires alimentaires territoriaux. (212), 129-136.

Le Velly, R. (2017). Sociologie des systèmes alimentaires alternatifs: une promesse de différence. Paris: Presses des Mines. Collection Sciences Sociales

Margado, A. (2002). Scic, société coopérative d’intérêt collectif. Recma, 284, 9-30.

Margado, A. (2005). Les SCIC, une coopérative encore en devenir. Recma, 295, 17-30.

Mauget, R. (2008). Les coopératives agricoles: un atout pour la pérennité de l’agriculture dans la mondialisation. Recma, 307, 46-57.

Mazzucato, M. (2020). O valor de tudo. São Paulo: Portfólio-Penguin.

Moraes, S., Búrigo, F. L., & Cazella, A. A. (2021). Cooperativismo de crédito e desenvolvimento sustentável: a aplicação do sétimo princípio cooperativista - interesse pela comunidade. Pegada - A Revista da Geografia do Trabalho, 22(2), 232-262.

Namorado, R. (2013). O mistério do cooperativismo: da cooperação ao movimento cooperativo. Coimbra: Almedina.

Nunes, E. M., Silva, P. S. G., Silva, M. R. F., & Sá, V. C. (2020). O Índice de Condições de Vida (ICV) em Territórios Rurais do Nordeste: evidências para os territórios Açu-Mossoró e Sertão do Apodi, no Rio Grande do Norte. Revista de Economia e Sociologia Rural, 58(1), e190917. http://dx.doi.org/10.1590/1806-9479.2020.190917

Organização das Nações Unidas. (2014). Measuring the size and scope of the cooperative economy: results of the 2014 global census on co-operatives. New York: ONU. Recuperado em 15 de abril de 2023, de https://www.entreprises.coop/system/files/inline-files/report_davegrace_onu_april_2014_0.pdf

Purseigle, F., & Hervieu, B. (2022). Une agriculture sans agriculteurs. Paris: Presses de Sciences.

Rosanvallon, P. (1981). La crise de l’État-providence. Paris: Seuil.

Saïsset, L.-A., & Cheriet, F. (2012). Grandir, oui, mais comment? Analyse de la concentration par fusions des coopératives vinicoles du Languedoc-Roussillon. Recma, 326(1), 45-63.

Sibille, H. (2012). Contexte et genèse de la création des sociétés coopératives d’intérêt collectif (Scic). Recma, 324, 110-117.

Suarez, N., Triboulet, P., Arnaud, C., Terrisse, P. C. (2022). Les réponses des Scic aux enjeux agricoles émergeants: panorama et dynamiques. Recma, 363(1), 64-82.

Thomas, F. (2008). Scic et agriculture Recma, 310: le temps des défricheurs. (4), 17-30.

Union Regionale des Scop Auverne-Rhone-Alpes. (2023). Garantir une production alimentaire locale de qualité et l’accès au métier de paysanne : l’exemple de la Ferme de Sarliève. Lyon: Communiqué de Presse. Scop Auverne- Rhone Alpes.

van de Ploeg, J. D. (2008). Camponeses e impérios alimentares: lutas por autonomia e sustentabilidade na era da globalização. Porto Alegre: UFRGS.
 


Submetido em:
19/03/2024

Aceito em:
31/05/2024

66cf2baea953957dd5775713 resr Articles
Links & Downloads

resr

Share this page
Page Sections