Revista de Economia e Sociologia Rural
https://app.periodikos.com.br/journal/resr/article/doi/10.1590/1806-9479.2025.288908
Revista de Economia e Sociologia Rural
ARTIGO ORIGINAL

“O dendê era um sonho”: agricultores familiares e rupturas com as agroindústrias de dendê no Pará, Amazônia

“Palm oil was a dream”: family farmers and ruptures with palm oil agribusinesses in Pará, Brazilian Amazon

Jamilly Brito Guimarães; Dalva Maria da Mota; Éberton da Costa Moreira; Heribert Schmitz

http://dx.doi.org/10.1590/1806-9479.2025.288908 resr, vol.63, e288908, 2025
PDF
Downloads: 0
Views: 22

Resumo

A integração de agricultores familiares a agroindústrias para a produção de uma commodity, especialmente voltada para o agrocombustível, é uma experiência recente na Amazônia brasileira. Não obstante um conjunto de políticas públicas de suporte para à produção com inclusão social, a iniciativa arrefece após uma década e agricultores familiares desistem dos contratos. O objetivo do artigo é analisar as razões que culminaram na decisão de ruptura contratual com as agroindústrias e a reconfiguração das estratégias de reprodução social dos agricultores familiares, que conduz a novas experiências. A pesquisa ocorreu em cinco municípios do Nordeste Paraense, principal região produtora de dendê do Brasil. Foram realizados 15 estudos de caso com observações diretas e entrevistas a agricultores, técnicos e sindicalistas. Os resultados mostram que as decisões das famílias no processo de se integrar, romper contratos e buscar novos rumos objetivam, para a maioria, a coesão do grupo doméstico na condição camponesa. Para a minoria, entretanto, significou a finalização do vínculo com a terra e da condição camponesa.

Palavras-chave

Dendeicultura, Amazônia Oriental, Agricultura integrada, Reprodução social

Abstract

Abstract: Contract farming between family farmers and agribusinesses for commodity production, particularly geared toward agrofuels, is a recent experience in the Brazilian Amazon. After a decade of public policies supporting oil palm, initiatives have slowed and today family farmers are breaking oil palm contracts. This article seeks to analyze the decision-making processes that led family farmers to abandon their contracts, decisions that resulting in new experiences. Research was carried out in five municipalities in the Northeastern region of Pará state, the main oil palm producing region in Brazil. Research included direct observation and interviews carried out with 15 farmers, technicians, and union members. Results show that families’ decisions to integrate, to break contracts, and then pursue new directions are all initiatives aiming to maintain domestic unit cohesion and the long-term persistence of a peasant way of life, inscribed with new meanings.

Keywords

Oil palm production, Eastern Amazon, Contract farming, Social reproduction

References

Adams, T., Gerber, J. D., Amacker, M., & Haller, T. (2019). Who gains from contract farming? Dependencies, power relations, and institutional change. The Journal of Peasant Studies, 46(7), 1435-1457. http://dx.doi.org/10.1080/03066150.2018.1534100

Almeida, M. W. B. (1986). Redescobrindo a família rural brasileira. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 1(1), 66-83. Recuperado em 3 de março de 2023, de https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/7571791/mod_resource/content/1/Mauro%20Almeida%20Redescobrindo%20sem%20marcas.pdf.

Alonso-Fradejas, A., Liu, J., Salerno, T., & Xu, Y. (2016). Inquiring into the political economy of oil palm as a global flex crop. The Journal of Peasant Studies, 43(1), 141-165. http://dx.doi.org/10.1080/03066150.2015.1052801

Aquino Junior, P. O. C. (2019). Campesinato e agronegócio do dendê no ramal do Cravo (Acará/PA): disputas em torno da terra e futuro (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Pará, Belém, Pará.

Backhouse, M., & Lehmann, R. (2020). New ‘renewable’ frontiers: contested palm oil plantations and wind energy projects in Brazil and Mexico. Journal of Land Use Science, 15(2-3), 373-388. http://dx.doi.org/10.1080/1747423X.2019.1648577

Barrett, C., Bachke, M. E., Bellemare, M., Michelson, H., Narayanan, S., & Walker, T. F. (2012). Smallholder participation in contract farming: comparative evidence from five countries. World Development, 40(4), 715-730. http://dx.doi.org/10.1016/j.worlddev.2011.09.006

Belato, D. (1985). Os camponeses integrados (Dissertação de mestrado). Universidade Estadual de Campinas, Campinas. https://doi.org/10.47749/T/UNICAMP.1985.17643.

Borras Junior, S. M., Franco, J. C., Gómez, S., Kay, C., & Spoor, M. (2012). Land grabbing in Latin America and the Caribbean. The Journal of Peasant Studies, 39(3-4), 845-872. http://dx.doi.org/10.1080/03066150.2012.679931

Bourdieu, P. (1979). O desencantamento do mundo: estruturas econômicas e estruturas temporais. São Paulo: Perspectiva S/A.

Bourdieu, P. (2002). Estrategias de reproducción y modos de dominación. Colección Pedagógica Universitaria, 37-38, 1-21. Recuperado em 20 de abril de 2023, de https://www.uv.mx/cpue/coleccion/N_3738/C%20Bourdieu%20estrategias%20dominacion.pdf

Bourdieu, P. (2005). O campo econômico. Política & Sociedade, 4(6), 15-57. http://dx.doi.org/10.5007/%25x

Bourdieu, P. (2007). A distinção: crítica social do julgamento. Edusp; Zouk.

Bourdieu, P. (2020). Estratégias de reprodução e modos de dominação. Repocs - Revista Pós Ciências Sociais, 17(33), 21-36.

Brandão, F., Schoneveld, G., & Pacheco, P. (2018). Integração da agricultura familiar à cadeia da palma de óleo na Amazônia Brasileira: análise e recomendações. Infobrief do CIFOR, (207), 1-6. Recuperado em 3 de março de outubro 2024, de https://pdfs.semanticscholar.org/cc91/bd709c741f7becd7cdf994791b5820fab85f.pdf.

Brandemburg, A. (2010). Do rural tradicional ao rural socioambiental. Ambiente & Sociedade, 13, 417-428.

Brumer, A., & Anjos, G. (2008). Gênero e reprodução social na agricultura familiar. Revista Nera, 11(12), 6-17. http://dx.doi.org/10.47946/rnera.v0i12.1396

Bruno, R. (2016). Desigualdade, agronegócio, agricultura familiar no Brasil. Estudos Sociedade e Agricultura, 24(1), 142-160. Recuperado em 15 de março de 2023, de https://revistaesa.com/ojs/index.php/esa/article/view/712/452.

Caetano, M. C., Mota, D. M., & Ferreira, M. S. G. (2018). Trabalho familiar na produção de dendê sob contrato na Amazônia brasileira: o caso de Santa Maria, Pará. Século XXI. Revista de Ciencias Sociales, 8(1), 417-443. http://dx.doi.org/10.5902/2236672535679.

Calado, C., & Silva, V. (2020). Agricultura, gênero e reprodução social: Modos de vida das mulheres rurais em contextos de expansão do agronegócio. Revista Eco-Pós, 23(2), 79-107. http://dx.doi.org/10.29146/eco-pos.v23i2.27532

Castro, E. M. R., & Castro, C. P. (2022). Desmatamento na Amazônia, desregulação socioambiental e financeirização do mercado de terras e de commodities. Novos Cadernos NAEA, 25(1), 11-36. Recuperado em 2 de outubro 2023, de https://periodicos.ufpa.br/index.php/ncn/article/view/12189.

Chambati, W., Mazwi, F., & Mberi, S. (2018). Agrarian accumulation and peasant resistance in Africa. In V. Gumede (Ed.), Inclusive development in Africa: Transformations of global relation (pp. 104-132). JSTOR.

Chayanov, A. V. (1981). Sobre a teoria dos sistemas econômicos não capitalistas. In J. Graziano da Silva & V. Stolke. A Questão Agrária (pp. 133-163). Editora Brasiliense.

Cordeiro, I. M. C. C., Arbage, M. J. C., & Schwartz, G. (2017). Nordeste do Pará: configuração atual e aspectos identitários. In I. M. C. C. Cordeiro, L. G. T. Rangel-Vasconcelos, G. Schwartz, & F. A. Oliveira (Orgs.), Nordeste Paraense: panorama geral e uso sustentável das florestas secundárias (pp. 19-58). Belém: Edufra.

Fernandes, B. M., Frederico, S., & Pereira, L. I. (2019). Acumulação pela renda da terra e disputas territoriais na fronteira agrícola. Revista Nera, 22(47), 173-201.

Fletes Ocón, H. B., & Méndez, C. C. H. (2023). Pluriactividad y reproducción social en localidades rurales de Ocosingo, Chiapas. HorizonTes Territoriales, 3(6), 1-20.

Fortes, M. (1974). O ciclo de desenvolvimento do grupo doméstico (pp. 1-9). Brasília, DF: Editora da Universidade Federal de Brasília.

Gomes, D. L., Schmitz, H., & Mota, D. M. (2021). Agricultores familiares, agroindústrias de dendê e a integração produtiva na Amazônia Paraense. Caminhos de Geografia, 22(83), 301-320. http://dx.doi.org/10.14393/RCG228356546

Guedes, A. C. F. (2014). Adesão das famílias camponesas à produção da palma de óleo nos municípios de Moju e Concórdia do Pará: estratégia de parceria das empresas Agropalma e Biopalma (Dissertação de mestrado). Programa de Pós-graduação em Serviço Social, Instituto de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Pará, Belém.

Harris, M. (2006). Presente ambivalente: uma maneira amazônica de estar no tempo. In C. Adams, R. Murrieta, W. Neves (Orgs.), Sociedades caboclas amazônicas: modernidade e invisibilidade (pp. 81-108). São Paulo: Annablume.

Homma, A. K. O. (2016). Cronologia do cultivo do dendezeiro na Amazônia. Belém: Embrapa Amazônia Oriental.

Magalhães, S. B. (2002). Tempo e trajetórias: reflexões sobre representações camponesas. In J. Hébette, S. B. Magalhães & M. C. Maneschy (Orgs.), No mar, nos rios e na fronteira (pp. 235-274). Belém: EDUFPA.

Malheiro, B., Porto-Gonçalves, C. W., & Michelotti, F. (2021). Horizontes amazônicos: para repensar o Brasil e o mundo. São Paulo: Fundação Rosa Luxemburgo; Expressão Popular.

McKay, B. M. (2018). Extractivismo agrario: dinámicas de poder, acumulación y exclusión en Bolivia. La Paz: Tierra.

Meira, M. A. F. (2017). A persistência do aviamento: colonialismo e história indígena no Noroeste amazônico (Tese de doutorado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, Programa de Pós-Graduação em Memória Social, Rio de Janeiro.

Michelat, G. (1987). Sobre a utilização de entrevista não diretiva em sociologia. In M. Thiolent (Org.), Crítica metodológica, investigação social e enquete operária (5. ed., pp. 191-212). São Paulo: Polis.

Minot, N. (2011). Contract farming in sub-Saharan Africa: opportunities and challenges. In Policy Seminar: Smallholder-Led Agricultural Commercialization and Poverty Reduction: How to Achieve it? Kigali, Rwanda: ACTESA-MSU-IFPRI African Agricultural Markets Programme (AAMP). Recuperado em 25 de outubro 2023, de http://fsg.afre.msu.edu/aamp/Kigali%20Conference/Minot_Contract_farming_(AAMP%20Kigali).pdf

Minot, N., & Ronchi, L. (2014). Contract farming: risks and benefits of partnership between farmers and firms. Viewpoint, 344, 1-8. Recuperado em 15 de setembro 2023, de https://documents1.worldbank.org/curated/en/340251467998214789/pdf/102736-BRI-VP-344-Contract-Farming-Box394838B-PUBLIC.pdf

Miyazaki, N., & Ono, M. (1958). O aviamento na Amazônia. Sociologia (Milano), 20(3), 336-396.

Monteiro, A. P., & Lemos, J. J. S. (2019). Desigualdades na distribuição dos recursos do Pronaf entre as regiões brasileiras. Revista de Política Agrícola, 28(1), 6-17. Recuperado em 3 de outubro 2023, de http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/50758

Moreira, E. C. (2022). Para onde foram os camponeses? As reconfigurações nas estratégias de reprodução social após venda dos estabelecimentos no processo de expansão da dendeicultura na Amazônia paraense (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Pará, Belém.

Moreira, E. C., Schmitz, H. (2025). Apropriação de terras para a dendeicultura: resistência e destino dos camponeses na Amazônia brasileira. No prelo.

Mota, D. M., Schmitz, H., Gomes, D. L., & Silva, G. O. (2019a). Does oil palm contract farming improve the quality of life for family farmers in the Brazilian Amazon? In R. Jezeer & N. Pasiecznik (Eds.), Exploring inclusive palm oil production (pp. 78-84). Tropenbos International: Wageningen, the Netherlands.

Mota, D. M., Schmitz, H., & Mourão Junior, M. (2019b). Oil palm cultivation in the Brazilian Amazon: state actions, interest groups and conflict. In A. Bonanno & J. S. B. Cavalcanti (Orgs.), State capitalism under neoliberalism: the case of agriculture and food in Brazil (pp. 93-112). Lanham, MD: Rowman & Littlefield.

Nascimento, D., & Mota, D. M. (2020). Mulheres na dendeicultura paraense: possibilidade de autonomia. Estudos Sociedade e Agricultura, 28(3), 721-743. http://dx.doi.org/10.36920/esa-v28n3-10

Nogueira, C. M., & Jesus, E. (2013). A pequena produção avícola familiar e o sistema de integração no oeste catarinense: “uma prisão de portas abertas. Caderno CRH, 26(67), 123-138. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-49792013000100009

Ojeda, D. (2022). Reproduccion social, despojo y el funcionamiento generizado del extractivismo agrario en Colombia. In B. Mckay, A. Alonso-Fradejas & A. Ezquerro-Cañete (Orgs.), Extrativismo agrario en America Latina. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: CLACSO; Canadá: University of Calgary; Social Sciences and Humanities Research Council.

Oliveira, A. M. (2015). Formas de sujeição e sociabilidade camponesa no Semiárido. Boletim Goiano de Geografia, 35(2), 273-288.

Oliveira, G. L. T., Mckay, B. M., & Liu, J. (2021). Beyond land grabs: new insights on land struggles and global agrarian change. Globalizations, 18(3), 321-338.

Oya, C. (2012). Contract farming in Sub-Saharan Africa: a survey of approaches, debates and issues. Journal of Agrarian Change, 12(1), 1-33. http://dx.doi.org/10.1111/j.1471-0366.2011.00337.x

Pais, A. (2008). Arrancados del suelo: el desarrollo del capitalismo agrario y sus consecuencias en las estrategias de reproducción de campesinos criollos e indígenas en territorio salteño. Revista Interdisciplinaria de Estudios Agrarios, 29, 99-121.

Paulilo, M. I. S. (1990). Produtor e agroindústria: consensos e dissensos. Florianópolis: Ed. UFSC.

Ribeiro, E. M., & Galizoni, F. M. (2007). A arte da catira: negócios e reprodução familiar de sitiantes mineiros. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 22(64), 67-74. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-69092007000200005

Ritchie, H. (2021). Palm Oil. OurWorldinData.org. Recuperado em 25 de outubro de 2023, de https://ourworldindata.org/palm-oil'

Santos, J. V. T. (1984). Colonos do vinho: estudo sobre a subordinação do trabalho camponês ao capital. São Paulo: Hucitec.

Schmitz, H. (2013). Desenvolvimento sustentável da Amazônia, camponeses e uso da terra: a produção científica de Thomas Hurtienne desde 1994. Novos Cadernos Naea, 16(2), 341-357. http://dx.doi.org/10.5801/ncn.v16i2.1477

Schneider, S. (2003). Teoria social, agricultura familiar e pluriatividade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 18(51), 99-122.

Sousa, C. F. M. (2019). A firma chegou, pesou, levou, aí vai tirar seus bilhões (...), mas o agricultor não sai daqueles centavos: expropriação e resistências camponesas na Amazônia Paraense (Tese de doutorado). Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido, Universidade Federal do Pará, Belém.

Sousa, R. B. (2018). Recriação camponesa e o agronegócio do dendê no Nordeste Paraense (Tese de doutorado). Universidade Federal Fluminense, Niterói.

Svampa, M. (2013). Consenso de los Commodities y lenguajes de valoración en América Latina. Nueva Sociedad, 244, 30-46. Recuperado em 25 de outubro de 2023, de https://www.memoria.fahce.unlp.edu.ar/art_revistas/pr.13326/pr.13326.pdf

Vieira, A. C. C. (2015). A integração camponesa ao monocultivo de dendê: subordinação e transformação do campesinato amazônico (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Pará, Belém.

Wanderley, M. D. N. B. (2014). O campesinato brasileiro: uma história de resistência. Revista de Economia e Sociologia Rural, 52, 25-44.

Weinstein, B. (1993). A borracha na Amazônia: expansão e decadência 1850-1920. São Paulo: Hucitec; Edusp.

Wolf, E. R. (1976). Sociedades camponesas. Zahar Editores.

Wolford, W. W., White, B., Scoones, I., Hall, R., Edelman, M., & Borras, S. M. (2024). Global land deals: what has been done, what has changed, and what’s next? The Journal of Peasant Studies, 1-38.

Woortmann, E. F. (2009). O saber camponês: práticas ecológicas tradicionais e inovações. In E. P. Godoi, M. A. Menezes & R. E. Acevedo Marin (Orgs.), Diversidade do campesinato: expressões e categorias (Vol. 2: Estratégias de reprodução social, pp. 119-129). São Paulo: Editora Unesp.

Woortmann, E. F., & Woortmann, K. (1997). O trabalho de terra: a lógica e a simbólica da lavoura camponesa. Ed. UnB.

Woortmann, K. (1990). “Com parente não se neguceia”: o campesinato como ordem moral. Anuário Antropológico, 87, 11-73.
 

Submitted date:
07/27/2024

Accepted date:
11/16/2024

67c9eabda953951c33756a14 resr Articles
Links & Downloads
1806-9479 (Electronic) 0103-2003 (Printed)
resr ©2025 All rights reserved.

resr

Share this page
Page Sections