Revista de Economia e Sociologia Rural
https://app.periodikos.com.br/journal/resr/article/doi/10.1590/1234-56781806-9479005303003
Revista de Economia e Sociologia Rural
Artigo original

Ação Coletiva e Delegação de Poder no Semiárido Nordestino: papel de lideranças locais e assessores externos numa comunidade rural

Maria Odete Alves; Marcel Bursztyn; Suely Salgueiro Chacon

Downloads: 0
Views: 1030

Resumo

Resumo:: Este artigo analisa a experiência coletiva que se desenvolve desde meados dos anos 1980 na comunidade rural de Lagoa dos Cavalos (Russas, Ceará), no Semiárido nordestino, cujas terras são resultantes de partilha por herança, e onde se registra uma forma peculiar de organização que garante à população certa autonomia nas decisões coletivas sobre o desenvolvimento local. O objetivo é verificar a quem são delegados poder e responsabilidade no processo de coordenação da ação coletiva, seu perfil e seus papéis. Optou-se pela pesquisa qualitativa, combinando o uso de fontes testemunhais, documentais e bibliográficas. Utilizou-se a amostragem não probabilística intencional na definição dos atores entrevistados. A conclusão aponta que poder e responsabilidade são delegados a dois tipos de lideranças locais que detêm o reconhecimento e a legitimidade para o atendimento das demandas inerentes aos trabalhos de coordenação das atividades coletivas ou para mediação entre população local, assessores externos e o mundo, conservando relativa autonomia. Os assessores externos prestam apoio técnico e político, além de facilitarem o acesso a recursos financeiros. Ambos, lideranças locais e assessores externos, têm papel importante no desenvolvimento local. Mas são dependentes da organização local, que tem criado mecanismos que permitem construir a cooperação e a coordenação da ação dos atores envolvidos.

Palavras-chave

Ação coletiva, delegação de poder, agricultura familiar, Nordeste brasileiro, Semiárido.

Referências

ALMEIDA, A. Terras de preto, terras de santo, terras de índio: uso comum e conflito. In: GODOI, E. P. de, MENEZES, M. A. de e MARIN, R. A. (Orgs.). Diversidade do campesinato: expressões e categorias, v. 2: estratégias de reprodução social. São Paulo: Editora UNESP; Brasília, DF: NEAD, 2009. pp. 39-66.

AZIBEIRO, N. E. Educação popular e movimentos sociais: o que têm feito as assessorias? In: 24REUNIÃO ANUAL DA ANPED: Intelectuais, conhecimento e espaço público, 24, Anais... Caxambu, 2001(CD Rom).

BERLO, D. K. O processo de comunicação. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1960.

BERTUCCI, A. de A.; SLIVA, R. M. da S. Vinte anos de economia popular solidária: trajetória da Cáritas Brasileira dos PACs à EPS. Brasília: Cáritas Brasileira, 2003.

BURITY, J. A. Identidade e política no campo religioso: estudos sobre cultura, pluralismo e o novo ativismo eclesial. Recife: Universitária da UFPE, 1997.

CAPORAL, F. R. Bases Para uma Nova Ater Pública. 2003. Disponível em: <Disponível em: http://www.mda.gov.br/dotlrn/clubs/redestematicasdeater/formaodeagentesdeater/contents/photoflow-view/content-view?object_id=885745 >. Acesso em: 25 set. 2011.

CAPORAL, F. R.; RAMOS, L. de F. Da extensão rural convencional à extensão rural para o desenvolvimento sustentável: enfrentar desafios para romper a inércia. 2006. Disponível em: <Disponível em: http://www.pronaf.gov.br/dater/arquivos/0730612230.pdf >. Acesso em: 05 set. 2011.

CÁRITAS BRASILEIRA. Mística e metodologia da caridade libertadora. Edições Loyola, 1991.

CASALDÁLIGA, P. Nossa espiritualidade. São Paulo: Editora Paulus, 2003.

COSTA NETO, P. L. Estatística. São Paulo: Editora Blücher Ltda, 1977.

COUTINHO, C. P. Metodologia de investigação em ciências sociais e humanas: teoria e prática. Coimbra: Almedina, 2011.

CROLL, P. La observación sistemática en el aula. Madrid: Muralla, 1995.

CROZIER, M.; FRIEDBERG, E. El actor y el sistema: las restricciones de la acción colectiva. Cidade do México: Alianza Editorial Mexicana, 1990.

FETRAECE (Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na agricultura do Estado do Ceará). Curso estadual de formação político sindical. Fortaleza: ENFOC, 2010.

FREIRE, P. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. (O Mundo, Hoje, v. 24).

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido.. Rio de Janeiro: Paz e Terra 1987. 17ed. (O mundo, hoje, v. 21).

FRIEDBERG, E. O poder e a regra: dinâmicas da acção organizada. Tradução: A. P. da Silva. Lisboa: Edições Piaget, 1993.

FRIEDRICH, O. A. Comunicação rural: proposição crítica de uma nova concepção. 2. ed. Brasília: Embrater, 1988.

HARDIN, G. The tragedy of the commons. Science, v. 162, p. 1243-1248, 1968.

JARA, C. J. A sustentabilidade do desenvolvimento local. Desafios de um processo em construção. Brasília: IICA / Recife: Seplan-PE, 1998.

LAZZARETTI, M. A.; SABOURIN, E. Representação e construção da ação coletiva nos sindicatos rurais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA, 1999.

LEÓN, M. El Empoderamiento en la teoria y práctica del feminismo. In: LEÓN, M. (Org.). Poder y empoderamiento de las mujeres. Santafé de Bogotá: TM Editores: 1997.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa. 2. ed. São Paulo: Editora Atlas, 1990.

McKEAN, M. A.; OSTROM, E. Regimes de propriedade comum em florestas: somente uma relíquia do passado? In: DIEGUES, A. C.; MOREIRA, A. de C. C. (Orgs.). Espaços e recursos de uso comum. São Paulo: NUPAUB-USP, 2001. pp.79-95.

MENDRAS, H. Sociedades camponesas. Tradução: Maria José da Silveira Lindoso. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

OBRA KOLPING. História. São Paulo: Obra Kolping, 2010. Disponível em: <Disponível em: http://www.kolping.org.br/site/institucional/historia >. Acesso em: 16 dez. 2011.

OLSON, M. A lógica da ação coletiva. Os benefícios públicos e uma teoria dos grupos sociais. Tradução: Fábio Fernandez. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1999.

OSTROM, E. Institutional arrangements for resolving the commons dilemma: some contending approaches. 46th National Conference of the American Society for Public Administration, March 23-27, 1985. Indianapolis, Indiana. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10535/2274>. Acesso em:16 nov. 2011.

OSTROM, E. Governing the commons: the evolution of institutions for collective action. Cambridge, New York: Cambridge University Press, 1990.

OSTROM, E. Crafting institutions for self-governing irrigation systems. San Francisco: Institute For Contemporary Studies, 1992.

OSTROM, E. A behavioral approach to the rational choice theory of collective action. American Political Science Review, v. 92, n. 1, p. 1-25, 1998.

OSTROM, E. Collective Action and the Evolution of Social Norms. The Journal of Economic Perspectives, v. 14, n. 3, p. 137-158, 1 jul. 2000.

OSTROM, E. Reformulating the commons. In: BURGER, J. et al. (Eds.). Protecting the commons: a framework for resource management in the Americas. Washington, D. C., Island Press, 2001. p. 17-41.

RIBEIRO, E. M. Fazenda Pica Pau, Miradouro, Minas Gerais: estudo sobre a família, o trabalho e a reprodução de agricultores familiares da Zona da Mata de Minas Gerais. Belo Horizonte-MG, 1992. 112p. (Mimeo).

ROGERS, E. M. Diffusion of innovations. New York: The Free Press, 1962. Disponível em: <Disponível em: http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=v1ii4QsB7jIC&oi=fnd&pg=PR15&dq=Everett+Rogers&ots=DJUryKQt9V&sig=8NJwErS6k7q-vR-dJNjAZO-9B0s#v=onepage&q=Everett%20Rogers&f=false >. Acesso em:12 dez. 2011.

SABOURIN, E. Mudanças sociais, organização dos produtores e intervenção externa. In: CARON, P.; SABOURIN, E. (Eds.). Camponeses do sertão: mutação das agriculturas familiares no Nordeste do Brasil. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2003. pp. 145-178.

SAYAGO, D. A Invenção Burocrática da Participação: discursos e práticas no Ceará. Brasília: UnB. Tese (Doutorado em Sociologia), 2000.

SOUZA, A. R. de. Entre a assistência e a auto-gestão: a economia popular solidária na Cáritas. Revista Nures, n. 5, jan./abr. 2007. Disponível em: <Disponível em: http://www.pucusp.br/revistanures >. Acesso em: 15 jan. 2010.

SOUZA, D. V de ; ZIONI, F. Novas perspectivas de análise em investigações sobre meio ambiente: a teoria das representações sociais e a técnica qualitativa da triangulação de dados. Saúde e Sociedade, v. 12, n. 2, p. 76-85, jul-dez. 2003.

TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

WOLF, E. Sociedades camponesas., Rio de Janeiro: Zahar 1970.
 

5cf346c30e8825f9104aa3a2 resr Articles
Links & Downloads

resr

Share this page
Page Sections