Brazilian Journal of Anesthesiology
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Anestesia do tronco encefálico após bloqueio retrobulbar extraconal: é possível evitar? Relato de caso

Brainstem anesthesia after extraconal retrobulbar block: can it be avoided? Case report

Haroldo Maciel Carneiro; Bruno Oliveira; Marcos P. Ávila; Onofre Alves Neto

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Resumo

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: O CEROF-HC é uma instituição pública especializada em oftalmologia. A realização de bloqueios anestésicos para intervenções cirúrgicas oftálmicas é prática comum e eficiente. Como técnica não é isenta de riscos, há possibilidade de perfuração de meninges e a injeção de anestésico local (AL) na região do sistema nervoso central (SNC). O objetivo deste relato foi mostrar um caso de anestesia do tronco encefálico como complicação do bloqueio oftálmico e chamar a atenção para a profilaxia do acidente e o tratamento das complicações. RELATO DO CASO: Paciente do sexo feminino, 60 anos, ASA II, com diagnóstico de catarata grau II, indicada para facectomia com implante de lente intra-ocular no olho direito. Histórico clínico de hipertensão arterial e antecedente de vitrectomia. Exames físicos, laboratoriais e cardiológicos normais. Foi realizado bloqueio retrobulbar extraconal, com anestésico local (lidocaína e bupivacaína) e hialuronidase (volume total de 5 mL). Imediatamente após, a paciente apresentou apnéia e perda da consciência. Foi tratada com intubação traqueal (IOT) e ventilação mecânica, mantendo-se estável. Foi realizada a operação. Começou a se movimentar 30 minutos após IOT, recuperando-se totalmente, sem apresentar qualquer seqüela. CONCLUSÕES: O bloqueio oftálmico, apesar de seguro, não é isento de riscos. O principal fator de risco é a inadequada realização da técnica anestésica. O anestésico local (AL), no bloqueio oftálmico, pode atingir o SNC por punção inadvertida da artéria oftálmica ou por punção das meninges que envolvem o nervo óptico, com a dispersão para o espaço subaracnóideo. Embora rara, pode levar a complicação grave, com parada respiratória, que, se não diagnosticada e tratada prontamente, pode ser fatal. São apresentadas as possibilidades de ocorrência dessa complicação, assim como a discussão da nomenclatura dos bloqueios anestésicos realizados em oftalmologia. Ressalta-se a importância do conhecimento desta e de outras complicações pela equipe cirúrgica, com necessidade de preparo e de monitorização adequada para que se diagnostique a possível complicação e se instale prontamente o tratamento, objetivando riscos mínimos para o paciente.

Palavras-chave

CIRURGIA, Oftálmica, COMPLICAÇÕES, TÉCNICAS ANESTÉSICAS, Regional

Abstract

BACKGROUND AND OBJECTIVES: The CEROF-HC is a public hospital specialized in ophthalmology. Anesthetic blocks for ophthalmic surgeries are common and effective. But the technique is not devoid of risks, and there is the possibility of meningeal perforation and injection of the local anesthetic (LA) in the central nervous system (CNS). The objective of this study was to report a case of brainstem anesthesia as a complication of the ophthalmologic regional anesthesia, stress the importance of preventing this accident, and discuss the treatment. CASE REPORT: A female patient, 60 years old, ASA II, with a diagnosis of grade II cataract, was scheduled for a facectomy and implantation of intraocular lens in the right eye. The patient had a past medical history of hypertension and vitrectomy. Physical exam, laboratory and cardiologic exams were normal. An extraconal retrobulbar block was performed with local anesthetic (lidocaine and bupivacaine) and hyaluronidase (total volume of 5 mL). Immediately after, the patient developed apnea and loss of consciousness. She was treated with tracheal intubation and mechanical ventilation, remaining stable. The surgery was performed as planned. Thirty minutes after the intubation, the patient began to move, recovering completely, without deficits. CONCLUSIONS: Although safe, ophthalmic block is not devoid of risks. The main risk factor is improper anesthetic technique. In the ophthalmic block, the local anesthetic (LA) can reach the CNS by inadvertently puncturing the ophthalmic artery or the meninges that surround the optic nerve, with dispersion to the subarachnoid space. Although rare, it can lead to a severe complication with respiratory arrest that can be fatal if it is not diagnosed promptly. Here we present the possibilities of such a complication, and discuss the nomenclature of anesthetic blocks used in ophthalmology. The importance of the knowledge of this and other complications by the surgical team is paramount, as well as the preparation and adequate monitoring to diagnose and treat immediately this complication to minimize the risks to the patient.

Keywords

ANESTHETIC TECHNIQUES, Regional, COMPLICATIONS, SURGERY, Ophthalmic

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