Brazilian Journal of Anesthesiology
https://app.periodikos.com.br/journal/rba/article/doi/10.1590/S0034-70942004000600011
Brazilian Journal of Anesthesiology
Clinical Information

Edema pulmonar após absorção sistêmica de fenilefrina tópica durante cirurgia oftalmológica em criança: relato de caso

Pulmonary edema after topic phenylephrine absorption during pediatric eye surgery: case report

Maria de Fátima Savioli Fischer; Eduardo Toshiyuki Moro; Válter Moreno Guasti; Clóvis Tadeu B da Costa; Fábio Scalet Soeiro; Luiz Carlos Bevilacqua dos Santos; Renato Swensson Filho

Downloads: 0
Views: 1022

Resumo

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Soluções tópicas de fenilefrina são empregadas freqüentemente em cirurgia oftalmológica com o objetivo de promover descongestionamento capilar ou dilatação pupilar. Este artigo descreve um caso de hipertensão arterial grave seguida de edema pulmonar durante cirurgia para correção de estrabismo. A provável causa desta complicação foi a absorção sistêmica de fenilefrina administrada por via tópica ocular. O objetivo do relato é a discussão de meios de prevenção desta complicação, assim como do tratamento mais adequado. RELATO DO CASO: Paciente do sexo masculino, 12 anos, 50 kg, estado físico ASA I, admitido no centro cirúrgico para realização de correção de estrabismo convergente bilateral em regime ambulatorial. Foi submetido à anestesia geral venosa e a manutenção, realizada com infusão contínua de remifentanil e propofol. Após colocação do bléfaro, 6 gotas de fenilefrina a 10% foram aplicadas por via tópica. Decorridos 5 minutos do início da cirurgia, o paciente desenvolveu hipertensão arterial e taquicardia, refratárias à elevação da dose administrada de remifentanil e propofol, bem como à administração de droperidol. O controle da pressão arterial e da freqüência cardíaca foi possível após o emprego do sevoflurano, mas houve diminuição da saturação de oxigênio e o aparecimento de crepitações pulmonares difusas por provável desenvolvimento de edema pulmonar agudo. A furosemida foi administrada e os anestésicos foram suspensos. O paciente apresentou melhora progressiva do quadro pulmonar, enquanto os valores de pressão arterial permaneciam dentro da normalidade. Recebeu alta da sala de recuperação pós-anestésica 6 horas após a cirurgia, quando se apresentava em ventilação espontânea em ar ambiente, com saturação de O2, ausculta pulmonar e pressão arterial normais. CONCLUSÕES: A administração de fenilefrina tópica deve ser realizada com cautela, antes do início da cirurgia e com o conhecimento do anestesiologista, para que medidas sejam empregadas com o objetivo de evitar absorção sistêmica em grande quantidade e, caso esta ocorra, as condutas preconizadas devem ser seguidas, ou seja, diminuição da pressão arterial sem causar depressão miocárdica, como no caso do emprego de beta-bloqueadores ou bloqueadores do canal de cálcio. Os vasodilatadores de ação direta ou alfa-bloqueadores são as opções diante de hipertensão arterial grave decorrente da absorção sistêmica de fenilefrina.

Palavras-chave

CIRURGIA, CIRURGIA, COMPLICAÇÕES, COMPLICAÇÕES

Abstract

BACKGROUND AND OBJECTIVES: Topic phenylephrine solutions are commonly used in eye procedures to promote capillary decongestion or pupil dilation. This article describes a case of severe hypertension followed by pulmonary edema during strabismus correction procedure. Possible cause of this complication might have been systemic absorption of phenylephrine eyedrops. Our objective is to discuss preventive means for such complication as well as the most adequate treatment. CASE REPORT: Male patient, 12 years old, 50 kg, physical status ASA I, admitted for outpatient bilateral convergent strabismus correction. Patient was submitted to intravenous general anesthesia, which was maintained with continuous remifentanil and propofol infusion. After blepharus adjustment, 6 drops of topic 10% phenylephrine were applied. Five minutes after beginning of surgery, patient has developed hypertension and tachycardia, refractory to increased remifentanil and propofol dose, as well as to droperidol. Blood pressure and heart rate could be controlled after sevoflurane administration, but there has been oxygen saturation decrease with diffuse pulmonary rales by possible development of acute pulmonary edema. Furosemide was administered and anesthetic solutions were withdrawn. Patient presented progressive pulmonary improvement while blood pressure remained within normal values. Patient was discharged from PACU six hours after surgery with spontaneous ventilation in room air, and normal O2 saturation, pulmonary auscultation and blood pressure. CONCLUSIONS: Topic phenylephrine should be cautiously administered before surgery and the anesthesiologist should be informed so that measures may be taken to prevent systemic absorption of large amounts. If there is absorption, preconized management should be followed, that is, decrease blood pressure without inducing myocardial depression, as it is the case with beta-blockers or calcium channel blockers. Direct action vasodilators, or alpha-blockers, are the options for severe hypertension induced by systemic phenylephrine absorption.

Keywords

COMPLICATIONS, COMPLICATIONS, SURGERY, SURGERY

Referências

Van der Spek AF. Cyanosis and cardiovascular depression in a neonate: Complications of halothane anesthesia or phenylephrine eyedrops?. Can J Ophthalmol. 1987;22:37-39.

Greher M, Hartmann T, Winkler M. Hypertension and pulmonary edema associated with subconjuntival phenylephrine in a 2-month-old child during cataract extraction. Anesthesiology. 1998;88:1394-1396.

Groudine SB, Hollinger I, Jones J. New York State guideline on the topical use of phenylephrine in the operation room. Anesthesiology. 2000;92:859-864.

Udelsmann A. Complicações Anestésicas. Anestesiologia - SAESP. 2001.

Rocha JA. Inotrópicos e Vasoconstritores de Uso Venoso. Atualização em Anestesiologia. 1994:101-105.

Wanamaker HH, Arandi HY. Epinephrine hypersensitivity-induced cardiovascular crisis in otologic surgery. Arch Otolaryngol Head Neck Surg. 1985;111:841-844.

Baldwin FJ, Morley AP. Intraoperative pulmonary oedema in a child following systemic absorption of phenylephrine eyedrops. Br J Anaesth. 2002;88:440-442.

Ogut MS, Bozkurt N, Ozek E. Effects and side effects of mydriatic eyedrops in neonates. Eur J Ophthalmol. 1996;6:192-196.

Fraunfelder FT. Pupil dilation using phenylephrine alone or in combination with tropicamide. Ophythalmology. 1999;106:104.

Gaynes BI. Monitoring drug safety; cardiac events in routine mydriasis. Optom Vis Sci. 1998;75:245-246.

Kalyanaraman M, Carpenter RL, McGlew MJ. Cardiopulmonary compromise after use of topical and submucosal alpha-agonists: possible added complication by the use of beta-blocker therapy. Otolaryngol Head Neck Surg. 1997;117:56-61.

Taboulet P, Cariou A, Berdeaux A. Pathophysiology and management of self-poisoning with beta-blockers. J Toxicol Clin. 1993;31:531-551.

O`Mahony D, O`Leary P, Molloy MG. Severe oxyprenolol poisoning: the importance of glucagon infusion. Hum Exp Toxicol. 1990;9:101-103.

Litman RS, Zerngast BA. Cardiac arrest after esmolol administration: a review of acute beta-blocker toxicity. J Am Osteopath Assoc. 1996;96:616-618.

Gaspar R, da Silva AMPF. Pressão Positiva no Final da Expiração e Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas. Assistência Ventilatória Mecânica. 1999:145-154.

Palmer EA. How safe are ocular drugs in paediatrics?. Ophthalmology. 1986;93:1038-1040.

Vanetti LFA. Anestesia para Oftalmologia. Anestesiologia - SAESP. 2001:881-830.

5dd6dd6a0e8825e01f13f286 rba Articles
Links & Downloads

Braz J Anesthesiol

Share this page
Page Sections