Resumo
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Nas intervenções cirúrgicas para oftalmologia não se encontrou técnica de anestesia totalmente segura, a introdução da anestesia extraconal fez aumentar as indicações de cirurgias oculares com bloqueio, já que a incidência de complicações graves é menor, fato já descrito por Hay, em 1991. Os bloqueios extraconais podem ser realizados por várias vias de acesso, entre elas a superior e a inferior. O objetivo deste estudo foi avaliar qual via de acesso (superior ou inferior) promove bloqueio anestésico de melhor qualidade. MÉTODO: Foram incluídos neste estudo 164 pacientes, de ambos os sexos, com idades entre 23 e 92 anos, estado físico ASA I a IV, índice cardíaco 1 e 2 de Goldman, com indicação de facectomia com implante de lente intra-ocular. Os pacientes foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos de 82, de acordo com a via de acesso primária do bloqueio extraconal: grupo ES (extraconal superior) e EI (extraconal inferior). A qualidade do bloqueio foi avaliada pelo aparecimento da dor no per-operatório, manutenção de movimentação das pálpebras ou do globo ocular, persistência do reflexo de Bell, número de bloqueios realizados para a obtenção de condições cirúrgicas e avaliação do bloqueio pelo cirurgião. RESULTADOS: A via de acesso superior apresentou maior incidência de acinesia de pálpebras (via superior - 56,1%; via inferior - 36,6%) do músculo reto superior (via superior - 93,9%; via inferior - 65,9%), assim como menor necessidade de bloqueios complementares (via superior - 29,3%; via inferior - 42,7%). A via de acesso inferior apresentou maior acinesia do músculo reto inferior (via superior - 72%; via inferior - 84,1%) sem diferença estatística. CONCLUSÕES: Nas condições deste estudo a via extraconal superior demonstrou ser superior em relação à via extraconal inferior, como via de acesso primária para bloqueio locorregional para cirurgia de facectomia com implante de lente intra-ocular.
Palavras-chave
ANESTÉSICOS, ANESTÉSICOS, CIRURGIA, CIRURGIA, TÉCNICAS ANESTÉSICAS, TÉCNICAS ANESTÉSICAS
Abstract
BACKGROUND AND OBJECTIVES: There is no completely safe anesthetic technique for ophthalmic surgery. The introduction of extraconal anesthesia has increased the number of ophthalmic surgeries with blockade since the incidence of severe complications is lower, as reported by Hay in 1991. Extraconal blockades may be induced by several access ways, among them upper and lower ways. This study aimed at evaluating the influence access ways (upper or lower) in anesthetic outcome. METHODS: Participated in this study 164 patients of both genders, aged 23 to 92 years, physical status ASA I to IV, 1 and 2 Goldmans cardiac risk index, undergoing elective cataract extraction surgery with intraocular lens implantation. Patients were randomly distributed in two groups of 82 according to primary extraconal block access way: group UE (upper extraconal), group LE (lower extraconal). Blockade quality was evaluated by the following parameters: intraoperative pain, eyelid and/or eyeball movement, persistence of Bell´s reflex, number of blocks needed for eye akinesia, and surgeons evaluation. RESULTS: Upper extraconal approach was associated to more effective eyelid (upper access - 56.1%; lower access 36.6%) and superior rectus muscle akinesia (upper access - 93.9%; lower access 65.9%) and also a lower incidence of supplementary blocks (upper access - 29.3%; lower access 42.7%). The lower extraconal approach was associated to more effective inferior rectus muscle akinesia (upper access - 72%; lower access - 84.1%), however without statistical differences. CONCLUSIONS: In the conditions of this study the upper extraconal approach was better as compared to the lower approach as the primary access way for anesthetic block for cataract extraction with intraocular lens implantation.
Keywords
ANESTHETICS, ANESTHETICS, ANESTHETIC TECHNIQUES, ANESTHETIC TECHNIQUES, SURGERY, SURGERY
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