O alvorecer da anestesia inalatória: uma perspectiva histórica
Dawning of inhalational anesthesia: a historical perspective
Ricardo Jakson de Freitas Maia ; Cláudia Regina Fernandes
Resumo
RESUMO
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A história, ao contrário do que muitos imaginam, não é algo limitado ao passado e de caráter imutável. Ela sofre adaptações de acordo com as conveniências de uma ou outra classe social dominante. Informações que foram ocultadas, deliberadamente ou não, uma vez descobertas, poderão mudar conceitos atuais, até então estabelecidos como verdadeiros. Sendo assim, a história, como qualquer outra ciência, não é totalmente imparcial; sofre influências e interferências de forças de natureza política, religiosa, econômica e cultural. Com a História da anestesia não é diferente. Algumas questões permanecem intrigantes: Por que se levou tanto tempo para a civilização controlar a dor? Quem realmente descobriu a Anestesia? Como era o mundo quando se deu a descoberta oficial da Anestesia? Para refletir sobre tais perguntas faz-se necessário recorrer à História da Anestesia.
CONTEÚDO: O texto aborda o ato cirúrgico, a dor e a anestesia desde a cultura helênica até a primeira anestesia oficialmente reconhecida, destacando nomes freqüentemente esquecidos e as peculiaridades históricas que beneficiaram ou prejudicaram um ou outro descobridor. Também enfoca os valores, a cultura e o desenvolvimento científico no século XIX, correlacionando-os com os eventos que marcaram o advento da anestesia.
CONCLUSÕES: Não seria justo atribuir o mérito da descoberta da anestesia a uma única pessoa. As peculiaridades históricas que beneficiaram ou prejudicaram um ou outro pesquisador não podem ser esquecidas. Morton foi sem dúvidas o mais agraciado pelas circunstâncias. Viveu no tempo e local privilegiados, e conviveu com as pessoas mais apropriadas ao seu intento. Todavia uma questão persiste. Afinal, quem é o mais importante: o pai da idéia ou aquele que a divulgou? A resposta certamente cairá no campo da subjetividade.
Abstract
SUMMARY
BACKGROUND AND OBJECTIVES: History, unlike one may imagine, is not something unchangeable and limited to the past. It is adapted according to conveniences of one or other ruling social class. Deliberately or accidentally hidden information, when unveiled may change current concepts, so far taken for granted. So, history, as any other science, is not totally impartial; it suffers influences and interferences of political, religious, economic and cultural thinking. The same is true for anesthesia. Some questions remain unanswered: Why did it take so long for the civilization to control pain? Who did in fact discover Anesthesia? How was the world when Anesthesia was officially discovered? To discuss such questions it is necessary to go back to the History of Anesthesia.
CONTENTS: This paper addresses the surgical act, pain and anesthesia from the Hellenic culture to the first officially recognized anesthesia, often emphasizing forgotten names and historical peculiarities which have benefited or harmed one or other discoverer. It also focuses on values, culture and scientific developments of the 19th century, correlating them to events that marked the dawning of anesthesia.
CONCLUSIONS: It would be unfair to attribute the merit of discovering anesthesia to a single person. Historical peculiarities that benefited or harmed one or other researcher cannot be forgotten. Morton was undoubtedly the most favored by the circumstances. He lived in a privileged time and place and has met the most adequate people to his intent. However there is still a question. After all, who is the most important: the father of the idea or who disclosed it? The answer will certainly remain in the field of subjectivity.
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