Brazilian Journal of Anesthesiology
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Miscellaneous

Padrões de ventilação em anestesia: estudo retrospectivo

Ventilation in anesthesia: a retrospective study

Joaquim Edson Vieira; Basílio Afonso Ribeiro Silva; Daniel Garcia Júnior

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Resumo

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: Alterações da mecânica pulmonar, diminuição da Capacidade Residual Funcional e formação de atelectasias têm sido descritas durante anestesia geral. O objetivo desta investigação foi avaliar de forma retrospectiva os padrões de ventilação mecânica adotados nas salas operatórias do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP). MÉTODO: Foram registrados dados de 240 pacientes sob anestesia geral, curarizados em ventilação mecânica. Foram observados os padrões de ventilação aplicados: volume corrente em ml (VC), freqüência respiratória por minuto, pressões de vias aéreas em cmH2O e fluxo de gases frescos em L.min-1, SpO2 e P ET CO2. Dados demográficos: sexo, idade, peso, altura foram registrados e calculado o índice de massa corpórea (IMC). Os pacientes foram separados em grupos quanto ao IMC em: < 20; 20-25; 25-30; > 30 kg/m². RESULTADOS: Observou-se relação linear entre volume corrente (VC) e peso (r=0,640) e IMC (r=0,467). VC por peso corpóreo (ml.kg-1) mostrou-se inversamente relacionado ao IMC: IMC < 20 com 10,74 ± 1,39; IMC 20-25 em 9,67 ± 1,08; IMC 25-30 para 8,54 ± 1,09; IMC > 30 com 7,86 ± 1,26 (p < 0,001, ANOVA). Não houve diferença entre esses grupos para a freqüência respiratória instalada. No momento dos registros, homens (n = 123) e mulheres (n = 117) apresentaram semelhantes SpO2 e P ET CO2. O IMC foi semelhante em ambos os grupos. Utilizou-se pressão positiva no final da expiração (PEEP) em 78 dos procedimentos (33%). CONCLUSÕES: Estes dados descritivos permitem afirmar que os padrões de ventilação mecânica em anestesia no HCFMUSP adotam volume corrente próximo de 9 ml.kg-1, freqüência respiratória em 10 incursões por minuto. O uso de PEEP não é disseminado e, quando utilizado, está próximo de 4 cmH2O. Há correlação positiva para peso e IMC com VC. A relação entre VC por massa corpórea é inversamente relacionada ao IMC.

Palavras-chave

ANESTESIA, VENTILAÇÃO

Abstract

BACKGROUND AND OBJECTIVES: Lung mechanics impairment, Functional Residual Capacity decrease and atelectasis have been described during general anesthesia. This study aimed at retrospectively evaluating ventilation standards in place at the Central Institute, Hospital das Clinicas, Medical School, University of São Paulo (HCFMUSP). METHODS: Data on 240 patients under general anesthesia, neuromuscular block and mechanical ventilation were recorded. Ventilation standards - tidal volume in ml (VT), respiratory rate per minute, airway pressure in cmH2O, fresh gas flow in L.min-1, SpO2 and P ET CO2 - were recorded, as well as gender, age, weight and height. Body mass index (BMI) was calculated and patients were distributed in four groups: BMI < 20; 20-25; 25-30 and > 30 kg/m². RESULTS: There has been a linear correlation between tidal volume (VT) and weight (r=0.640), and BMI (r=0.467). VT by body mass (ml.kg-1) has shown to be inversely related to BMI: BMI < 20 with 10.74 ± 1.39; BMI 20-25 with 9.67 ± 1.08; BMI 25-30 to 8.54 ± 1.09; BMI > 30 to 7.86 ± 1.26 (p < 0.001, ANOVA). There have been no differences among groups in respiratory rate. During data collection, males (n = 123) and females (n = 117) had similar SpO2 and P ET CO2, as well as BMI. Positive end-expiratory pressure (PEEP) was installed in 78 procedures (33%). CONCLUSIONS: These descriptive data allow us to state that mechanical ventilation standards in anesthesia at HCFMUSP use a tidal volume close to 9 ml.kg-1 and a respiratory rate of 10 incursions per minute. PEEP is not widely applied, but when installed it is approximately 4 cmH2O. Weight and BMI had a positive correlation with VT, and VT/weight (ml.kg-1) ratio was inversely related to BMI.

Keywords

ANESTHESIA, VENTILATION

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