Brazilian Journal of Anesthesiology
https://app.periodikos.com.br/journal/rba/article/doi/10.1590/S0034-70942002000500016
Brazilian Journal of Anesthesiology
Letter to the Editor

Raquianestesia com a mistura enantiomérica de bupivacaína a 0,5% isobárica (S75-R25) em crianças com idades de 1 a 5 anos para cirurgia ambulatorial

Carlos Alberto da Silva Júnior

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Resumo

Senhor Editor,

Li com interesse o artigo sobre o emprego de raquianestesia com a mistura enantiomérica de bupivacaína em crianças de 1 a 5 anos para cirurgia ambulatorial 1, que suscitaram considerações e dúvidas.

Apesar das contribuições importantes dos autores brasileiros, nos anos de 1970, as publicações sobre raquianestesia em crianças, remontam de 1909 2.

Esta técnica popularizou-se à partir dos anos de 1980, como uma alternativa à anestesia geral em recém nascidos e ex-prematuros 3-7.

Abajian e col. 3 em 78 recém-nascidos e ex-prematuros, 34 fora do período neonatal, em 81 procedimentos, recomendaram a raquianestesia para crianças. Foram feitas duas tentativas de punções em 73 casos, suplementando com anestesia geral (n = 8) e sedação (n = 14). Ocorreram 2 bloqueios inadequados e 2 com maior duração que o tempo cirúrgico.

Neste mesmo artigo, a taxa de sucesso, isto é, bloqueio adequado versus procedimento cirúrgico terminado sem nenhuma suplementação, foi de 73% (59/81).

Sartorelli e col. 4 em 142 raquianestesias, para procedimentos infraumbilicais, a taxa de sucesso foi de 89%, mas em 38 casos (26,8%) o sucesso só foi obtido por punção adicional .

Outros autores 9-15 também para procedimentos urológicos e de extremidades, relataram as seguintes taxas de sucesso:

Blaise e Roy 9,em crianças de 7 semanas à 13 anos: punções bem sucedidas, 84% (30/34) raquianestesias únicas 19/34 (56%), duração inadequada (n = 5); relaxamento muscular fraco (n = 2) e falta de condições cirúrgicas (n = 4).

Tobias e col. 10,11 em dois relatos, um recém nascido de 8 dias e outro de 1 dia, bem sucedidos.

Kokki e col. 12, em 20 crianças de 2 a 5 anos, também bem sucedidos.

Kokki e Hendolin 13, 102 crianças de 2 meses a 17 anos, 92% (90/102).

Melman e col. 14, em 100 crianças de 1 mês a 15 anos, 100%.

Parkinson e col. 15, em 13 crianças de 1 a 7 meses, 99%.

Rice e col. 16, em 100 crianças de 1 mês a 1 ano, observaram clinicamente, que o tempo de duração entre injeção e o retorno da flexão do quadril, duravam 56 ± 2,3 minutos com lidocaína (3 mg.kg-1), mais adrenalina 86 ± 4 minutos; com tetracaína (0,4 mg.kg-1) 86 ± 3 minutos e tetracaína mais adrenalina, 128 ± 3 minutos.

Destes 100 pacientes, 87 necessitaram de alguma suplementação adicional inalatória ou venosa, principalmente a cetamina.

Tobias e Mencio 17 relataram o sucesso obtido através de raquianestesia (tetracaína 0,3-0,6 mg.kg-1) para cirurgias de pé torto congênito.

Vários autores 3,4,9-18, que realizaram raquianestesia em crianças, com idades de 1 dia à 17 anos com drogas hiperbáricas, que foram: tetracaína de 0,2-0,4 mg.kg-1; lidocaína 1,5-3 mg.kg-1; bupivacaína 0,3-0,6 mk.kg-1; dose única de ametocaína de 8 mg.

Os anestésicos locais por via raquidiana em crianças diferem dos adultos, o tempo de ação é mais rápido nas crianças menores, mas a duração é curta.

Lidocaína, tetracaína e bupivacaína, sem adrenalina, todos com duração curta clinicamente importante, que não ultrapassaram os 90 minutos 19.

Em nossa experiência pessoal quando utilizamos tetracaína e bupivacaína, em doses decrescentes, hiperbáricas e com adrenalina, obtivemos também uma duração média de 90 minutos.

Questionamos, no trabalho comentado além das duas falhas (taxa de sucesso de 95%), ocorreu sedação suplementar, tentativas de punções ou adicionais?

Finalmente alguns conceitos expressados pelo autor, no seu livro "Tratado de Anestesia Raquidiana", me pareceram contraditórios em relação ao artigo comentado, no capítulo "Raquianestesia em Pediatria", como por exemplo à dose fixa e a indicação ambulatorial ampla 20.

References

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20. Conceição MJ - Raquianestesia em Pediatria, em Imbelloni LE - Tratado de Anestesia Raquidiana. L E Imbelloni, 2001;13: 113-116.

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