A QUESTÃO DA MORTE EM ANTÍGONA: UM OLHAR PSICANALÍTICO
Gabriel Crespo Soares Elias, Clara Serafim Menezes de Assis
Resumo
O presente artigo se propõe a apresentar a problemática da morte na tragédia sofocliana intitulada Antígona, sob a perspectiva psicanalítica. Para tal, realizamos uma articulação entre as considerações de Sigmund Freud, criador da psicanálise, sobre a morte, sobretudo acerca do dualismo entre Eros e Tânatos, a fim de trazer a tragédia clássica para uma reflexão contemporânea sobre a morte. Na parte final deste trabalho, refletimos ainda sob o olhar psicanalítico sobre o estranhamento do sujeito contemporâneo diante da finitude, do perecimento de seu corpo, do adoecimento e da morte propriamente dita. Consideramos relevantes as reflexões psicanalíticas sobre a morte e a inevitabilidade do mal-estar, componentes presentes na vida do cidadão grego do século V a.C. e representado na peça trágica que apresentamos e discutimos.
Palavras-chave
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