Experiência Clinica Psicanalítica no Plantão Psicológico - Um Lugar de Aprendizado
Dra Hc Sheyla Bandeira Teles Acadêmico de Psicologia, Psicanalista, Doutora Honoris Causa em Psicanalise
Resumo
O presente trabalho trata-se de um estudo teórico-clínico destinado a elucidação da literatura sobre responsabilidade psicológica, com base nos pressupostos teóricos da clínica psicanalítica no formato do plantão psicológico.
Em 1896, Sigmund Freud cunhou o termo psicanálise para nomear um método específico de psicoterapia baseada em processos subconsciente (ROUDINESCO; PLON, 1998). Expondo então a verdade um processo inconsciente que produz sintomas. (Rosa, 2004, p. 341). Sabe-se que a psicanálise é um de método tratamento que produz efeito terapêutico (Marcos; Oliveira Jr., 2013). No entanto, O objetivo não é curar, mas pelo menos não corresponde ao tratamento médico clínico, pois "Freud acreditava que a análise é sem fim” (MARCOS; OLIVEIRA JÚNIOR, 2013, pág. 19). Pode-se dizer que é um processo de análise sim. Lacan (1998), propõe a palavra francesa cura, quando considerada sinônimo de tratamento, análise ou terapia.
Quanto ao processo de análise, entende-se que em psicanálise, "falar" corresponde a "escutar". O analisando diz o que está esquecido, e o analista escuta para que o orador também ouça. A escuta do analista pressupõe ação ao invés de simples percepção (CELES, 2005). Sendo assim, o processo psicanalítico consiste em combinação via associação livre, análise e atenção flutuante do analista, que tem como objetivo o desprendimento. Em relação à livre associação, o pedido ao paciente é transmitir tudo o que sabe, sem deixar de revelar algo aparentemente insignificante, vergonhoso ou doloroso (CELES, 2005; Macedo; Falco, 2005).
Aprimorado pelo referencial teórico psicanalítico lacaniano, para Ortolan (2019), o plantão psicológico sendo um atendimento de urgência, visa o acolhimento do sujeito por meio de uma escuta ativa do plantonista, para que o indivíduo atinja a retificação subjetiva. De acordo com Nasio (1999 apud Ortolan, 2019), na fase de retificação subjetiva, o analista identifica qual a relação de sentido que o sujeito dá a seus sofrimentos. Assim, é importante discernir bem o motivo da consulta e como foi a decisão de recorrer a um outro para a resolução de seus problemas. Logo, Daher (2017) diz que, o próprio indivíduo que fala, se escuta e que esta escuta de alguma forma, contribui para que esse sujeito se reposicione ou ressignifique o motivo que o fez procurar o plantão psicológico.
Palavras-chave
Referências
Dra.Hc. Sheyla Bandeira Teles
Acadêmico de Psicologia, Psicanalista, Doutora Honoris Causa em Psicanalise
Docente e Analista Didata do Miesperanza e do Instituto Bittencourt
REFERÊNCIAS
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Submetido em:
12/04/2023
Revisado em:
02/05/2023
Aceito em:
02/06/2023
Publicado em:
07/06/2023