O presente artigo tem por objetivo lançar um olhar crítico sobre a possibilidade de iniciar e manter uma análise realizada especificamente por meio de videochamadas. Para tanto, será levada em conta uma perspectiva filosófico-conceitual sobre paradigmas da tradição psicanalítica que se referem ao setting e à presença do analista, a aceleração do desenvolvimento tecnológico e seus impactos na forma como as pessoas absorvem e processam as informações, bem como alguns estudos recentes sobre as chamadas “terapias on-line” que se multiplicaram com o advento da pandemia da SARS-Cov 19 e a adesão ao isolamento/afastamento social necessários para combatê-la. Seguindo essa linha de investigação, pretende-se demonstrar que existe uma parcela significativa de potenciais analisandos que, além de estarem aptos para tal experiência, apresentam forte tendência a não se adaptarem a clínica psicanalítica tradicional. O que pode acarretar um sério risco à perenidade da prática psicanalítica por todo o mundo.