Escola Anna Nery Revista de Enfermagem
https://app.periodikos.com.br/journal/ean/article/doi/10.1590/2177-9465-EAN-2024-0128en
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem
Research

Interpretations of illness and meanings attributed by people experiencing homelessness with mental disorders

Interpretaciones de la enfermedad y significados atribuidos por personas en situación de calle con trastornos mentales

Interpretações da doença e significados atribuídos por pessoas em situação de rua com transtornos mentais 

Letícia Passos Pereira; Christine Wetzel; Agnes Olschowsky

Downloads: 0
Views: 14

Abstract

Objective  to present how people experiencing homelessness and living with mental disorders interpret their illness process.

Method  this qualitative study employs a theoretical-methodological approach rooted in the anthropology of health. Narrative interviews were conducted and analyzed using Fritz Schütze's framework. Interviews were carried out with five individuals experiencing homelessness and mental disorders, who were supported by a Street Outreach Clinic in capital city in southern Brazil during the second half of 2019.

Results  perspectives emerged related to depression, self-harm, suicidal thoughts and attempts, sensory-perceptual experiences, "being nervous," psychotic episodes, and drug use. The findings revealed that participants received heterogeneous psychiatric diagnoses. Their (re)interpretations of the psychiatric explanatory system, shaped by their suffering experiences, and their unique ways of addressing, coping with, and legitimizing these experiences were influenced by cultural, social, political, and economic systems.

Final considerations and implications for practice  the study highlights the importance of understanding illness as connected to existential suffering, as an approach solely based on symptoms limits care possibilities. It reinforces the need for care practices that consider individuals' life contexts and subjectivities, emphasizing interdisciplinary and culturally sensitive approaches.

Keywords

Medical Anthropology; Homeless Persons; Mental Health; Mental Disorders; Social Vulnerability

Resumen

Objetivo: presentar cómo las personas en situación de calle con trastornos mentales interpretan su proceso de enfermedad.

Método: estudio cualitativo con un enfoque teórico-metodológico de la antropología de la salud. Se utilizaron entrevistas narrativas y se realizó un análisis basado en el marco de referencia de Fritz Schütze. Las entrevistas se llevaron a cabo con cinco personas en situación de calle con trastornos mentales, atendidas por un Consultorio Callejero de una capital del sur de Brasil, durante el segundo semestre de 2019.

Resultados: se advirtieron perspectivas relacionadas con la depresión, la autolesión, los pensamientos y tentativas de suicidio, las experiencias sensoperceptivas, "ser nerviosa", los episodios psicóticos y el consumo de drogas. Se evidenció que los participantes reciben diagnósticos psiquiátricos heterogéneos y que las (re)interpretaciones que hicieron del sistema explicativo de la psiquiatría, a partir de sus experiencias de sufrimiento, así como las maneras propias de abordarlo, enfrentarlo y legitimarlo, estuvieron influenciadas por sistemas culturales, sociales, políticos y económicos.

Consideraciones finales e implicaciones para la práctica: se resalta la importancia de comprender la perspectiva de la enfermedad ligada al sufrimiento existencial, ya que un enfoque basado exclusivamente en los síntomas limita las posibilidades de atención. Se refuerza la necesidad de implementar prácticas de atención que consideren el contexto de vida de los sujetos y sus subjetividades, y así valorar enfoques interdisciplinarios y culturalmente sensibles.
 

Palabras clave

Antropología Médica; Personas con Mala Vivienda; Salud Mental; Trastornos Mentales; Vulnerabilidad Social

Resumo

Objetivo: apresentar como as pessoas em situação de rua com transtornos mentais interpretam seu processo de adoecimento.

Método: consiste em um estudo qualitativo, com abordagem teórico-metodológica da antropologia da saúde. Utilizou-se entrevistas narrativas e análise com o referencial de Fritz Schütze. As entrevistas foram realizadas com cinco pessoas em situação de rua com transtornos mentais, acompanhadas por um Consultório na Rua de uma capital do sul do Brasil, no segundo semestre de 2019.

Resultados: emergiram as perspectivas relacionadas a: depressão; autolesão, pensamentos e tentativas de morte; experiências sensoperceptivas; “ser nervosa”; surtos e uso de drogas. Evidenciou-se que os participantes recebem diagnósticos psiquiátricos heterogêneos e as (re)interpretações que fizeram do sistema explicativo da psiquiatria, a partir de suas experiências de sofrimento, e as maneiras próprias de abordar, lidar e legitimá-lo, tiveram influência de sistemas culturais, sociais, políticos e econômicos.

Considerações finais e implicações para a prática: ressalta-se a importância de compreender a perspectiva da doença ligada a um sofrimento existencial, pois uma abordagem exclusivamente baseada em sintomas limita as possibilidades de cuidado. Reforça-se a necessidade de práticas de cuidado que considerem o contexto de vida dos sujeitos e suas subjetividades, valorizando abordagens interdisciplinares e culturalmente sensíveis.

Palavras-chave

Antropologia da Saúde; Pessoas em Situação de Rua; Saúde Mental; Transtornos Mentais; Vulnerabilidade Social

Referencias

1 Kleinman A. Patients and healers in the context of culture: an exploration of the borderland between anthropology, medicine, and psychiatry. Berkeley/Los Angeles: University of California Press; 1980. http://doi.org/10.1525/9780520340848.

2 Costa-Rosa A. O modo psicossocial: um paradigma das práticas substitutivas ao modo asilar. In: Amarante P, organizador. Ensaios: subjetividade, saúde mental, sociedade. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2000. p. 141-168.

3 Jovchelovich S, Bauer MW. Entrevista narrativa. In: Bauer MW, Gaskell G, editores. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. 13ª ed. Petrópolis: Vozes; 2017. p. 90-113.

4 Artioli G, Cosentino C, Taffurelli C, Ferri P, Foà C. The narrative interview for the assessment of the assisted person: structure, method and data analysis. Acta Biomed. 2019;90(6-S):7-16. http://doi.org/10.23750/abm.v90i6-S.8640. PMid:31292409.

5 Schütze F. Pesquisa biográfica e entrevista narrativa. In: Weller W, Pfaff N, organizadores. Metodologias da pesquisa qualitativa em educação: teoria e prática. 3ª ed. Petrópolis: Vozes; 2013. p. 211-22.

6 Rosenthal G. Pesquisa social interpretativa: uma introdução. 5ª ed. Porto Alegre: Edipucrs; 2014. 576 p.

7 Pereira LP, Wetzel C, Pavani FM, Olschowsky A, Moraes BM, Klein E. Entrevista narrativa com pessoas em situação de rua com transtornos mentais: relato de experiência. Esc Anna Nery. 2021;25(3):e20200017. http://doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2020-0017.

8 World Health Organization. ICD-11 implementation or transition guide [Internet]. Geneva: WHO; 2019 [citado 2025 Jan 13]. Disponível em: https://icd.who.int/docs/ICD-11%20Implementation%20or%20Transition%20Guide_v105.pdf

9 Allsopp K, Read J, Corcoran R, Kinderman P. Heterogeneity in psychiatric diagnostic classification. Psychiatry Res. 2019;279:15-22. http://doi.org/10.1016/j.psychres.2019.07.005. PMid:31279246.

10 Rabelo MC, Alves PCB, Souza IMA. Signos, significados e práticas relativos à doença mental. In: Rabelo MC, Alves PCB, Souza IMA, editores. Experiência de doença e narrativa. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 1999. p. 43-73. http://doi.org/10.7476/9788575412664.

11 Praxedes LCMA, Souza MAG, Azevedo MO, Vale LR. Depressão: um sintoma social caracterizado como mal do século. Epitaya. 2023;1(31):124-37. http://doi.org/10.47879/ed.ep.2023717p124.

12 Özen-Dursun B, Kaptan SK, Giles S, Husain N, Panagioti M. Understanding self-harm and suicidal behaviours in South Asian communities in the UK: systematic review and meta-synthesis. BJPsych Open. 2023;9(3):e82. http://doi.org/10.1192/bjo.2023.63. PMid:37183676.

13 Câmara L, Canavêz F. Contribuições de Sándor Ferenczi para o fenômeno da autolesão. Rev Latinoam Psicopatol Fundam. 2020;23(1):57-76. http://doi.org/10.1590/1415-4714.2020v23n1p57.5.

14 Silva DA, Marcolan JF. A reincidência de tentativa de suicídio associada a severidade da sintomatologia depressiva. Res Soc Dev. 2021;10(16):e299101623843. http://doi.org/10.33448/rsd-v10i16.23843.

15 Fernandes MA, Pillon SC, Reis MDC, Barbosa NS, Ibiapina JPB, Costa APC. Ideação suicida, uso de substâncias psicoativas e sofrimento mental entre a população em situação de rua de um município brasileiro. SMAD Rev Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. 2024;20:e-214319. http://doi.org/10.11606/issn.1806-6976.smad.2024.214319.

16 Machado RA, Souza TT, Ubessi LD, Lopes IF, Kantorski LPK, Guedes AC. Programa ouvidores de vozes: visibilidade da experiência de ouvir vozes. Rev Recien. 2023;13(41):502-10. http://doi.org/10.24276/rrecien2023.13.41.502-510.

17 Amarante P. Saúde mental e atenção psicossocial. 1ª ed. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz; 2007.

18 Oliveira EC. Mental health of homeless adults in the city of Feira de Santana: from living to getting sick. RSD. 2021;10(6):e44810616055. http://doi.org/10.33448/rsd-v10i6.16055.

19 Barus-Michel J, Camps C. Sofrimento e perda de sentido: considerações psicossociais e clínicas. Psic Rev Vetor Ed [Internet]. 2003; [citado 2025 Jan 13];4(1):54-71. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-73142003000100007&lng=pt&nrm=iso

20 Jafelice GT, Silva DA, Marcolan JF. Potencialidades e desafios do trabalho multiprofissional nos Centros de Atenção Psicossocial. SMAD Rev Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. 2022;18(1):17-25. http://doi.org/10.11606/issn.1806-6976.smad.2022.172106.

21 Piccione R, Cesare G. Guida alla salute mentale: per la conoscenza delle cure e dei servizi. Meran: Edizioni Alphabeta Verlag; 2018.

22 Lira NDCS, Silva MA, Silva RCS, Andrade CHS, Silva VC. Representação social acerca da doença mental: uma revisão integrativa. Braz J Dev. 2021;7(11):103113-30. http://doi.org/10.34117/bjdv7n11-096.

23 Marques LS, Costa JHM, Gomes MM, Silva MM. Saberes, territórios e uso de drogas: modos de vida na rua e reinvenção do cuidado. Cien Saude Colet. 2022;27(1):123-32. http://doi.org/10.1590/1413-81232022271.19542021. PMid:35043892.

24 Silva VAM, Pinho LB, Nasi C, Siniak DS, Santos EO, Ávila MB et al. Care for drug users in a family health strategy: potentials and challenges. Cogitare Enferm. 2024;29:e93351. http://doi.org/10.1590/ce.v29i0.95454.
 


Accepted date:
16/05/2025

683f2dc5a9539512381cc2b4 ean Articles

Esc. Anna Nery

Share this page
Page Sections