Escola Anna Nery Revista de Enfermagem
https://app.periodikos.com.br/journal/ean/article/doi/10.1590/2177-9465-EAN-2022-0164en
Escola Anna Nery Revista de Enfermagem
Research

Health conditions and relationship with health services from Quilombola people’s perspective

Condiciones de salud y relación con los servicios de salud desde la perspectiva de las personas de quilombo

Condições de saúde e relação com os serviços de saúde na perspectiva de pessoas de quilombo

Rosimere de Freitas de Sousa; Ivaneide Leal Ataíde Rodrigues; Alexandre Aguiar Pereira; Laura Maria Vidal Nogueira; Erlon Gabriel Rego de Andrade; Ana Kedma Correa Pinheiro

Downloads: 0
Views: 132

Abstract

Objectives: to analyze the perceptions of the Quilombola population of Caldeirão about their health conditions and to identify the possibilities and difficulties in the relationship with the health services in their territory.

Method: a qualitative, descriptive and exploratory study, carried out in the Quilombola Community from Caldeirão, Marajó Island, Pará, Brazil. Data production took place from March to April 2021, through individual semi-structured interviews with 30 residents, and thematic content analysis was applied.

Results: two empirical categories originated, revealing the Quilombola population’s perceptions about their health conditions and the health-disease process, the relationship that the community had with the local health services and the strengths and weaknesses inherent to this relationship.

Conclusions and implications for practice: Quilombola people’s perceptions showed a predominance of biomedical knowledge and a hospital-centric view, in addition to their weakened relationship with local health services. It is expected that the research results will encourage dialogue about these populations, considering that they represent a traditional group in a vulnerable situation. It is necessary to carry out further research to investigate/strengthen the Family Health Strategy role and unveil/problematize traditional knowledge in the face of biomedical knowledge hegemony in the scenario of Quilombola populations.

Keywords

Health Services Accessibility; Primary Health Care; African Continental Ancestry Group; Vulnerable Populations; Health of Ethnic Minorities

Resumen

Objetivos: analizar las percepciones de la población quilombola de Caldeirão sobre sus condiciones de salud e identificar las posibilidades y dificultades en la relación con los servicios de salud en su territorio.

Método: estudio cualitativo, descriptivo y exploratorio, realizado en la Comunidad Quilombola de Caldeirão, Isla de Marajó, Pará, Brasil. La producción de datos se llevó a cabo de marzo a abril de 2021, a través de entrevistas semiestructuradas individuales con 30 residentes, y se aplicó análisis de contenido temático.

Resultados: se originaron dos categorías empíricas, que revelaron las percepciones de la población quilombola sobre sus condiciones de salud y el proceso salud-enfermedad, la relación que tenía la comunidad con los servicios locales de salud y las fortalezas y debilidades inherentes a esa relación.

Conclusiones e implicaciones para la práctica: las percepciones de los quilombolas mostraron un predominio del conocimiento biomédico y una visión hospitalocéntrica, además de su debilitada relación con los servicios locales de salud. Se espera que los resultados de la investigación estimulen el diálogo sobre estas poblaciones, considerando que representan un grupo tradicional en situación de vulnerabilidad. Es necesario realizar más investigaciones para investigar/fortalecer el papel de la Estrategia de Salud de la Familia y develar/problematizar los saberes tradicionales frente a la hegemonía del saber biomédico, en el escenario de las poblaciones quilombolas.

Palabras clave

Accesibilidad a los Servicios de Salud; Atención Primaria de Salud; Grupo de Ascendencia Continental Africana; Poblaciones Vulnerables; Salud de las Minorías Étnicas

Resumo

Objetivos: analisar as percepções da população quilombola de Caldeirão sobre suas condições de saúde e identificar as possibilidades e dificuldades na relação com os serviços de saúde em seu território.

Método: estudo qualitativo, descritivo e exploratório, realizado na Comunidade Quilombola de Caldeirão, Ilha de Marajó, Pará, Brasil. A produção dos dados ocorreu no período de março a abril de 2021, por meio de entrevistas semiestruturadas individuais com 30 moradores, e aplicou-se a análise de conteúdo temática.

Resultados: originaram-se duas categorias empíricas, revelando as percepções da população quilombola sobre suas condições de saúde e o processo saúde-doença, a relação que a comunidade mantinha com os serviços de saúde locais e as potencialidades e fragilidades inerentes a essa relação.

Conclusões e implicações para a prática: as percepções dos quilombolas evidenciaram predomínio do saber biomédico e da visão hospitalocêntrica, além de sua relação fragilizada com os serviços de saúde locais. Espera-se que os resultados da pesquisa suscitem o diálogo acerca dessas populações, considerando que representam um grupo tradicional em situação de vulnerabilidade. É necessário realizar outras pesquisas para investigar/fortalecer o papel da Estratégia Saúde da Família e desvelar/problematizar os saberes tradicionais, frente à hegemonia do saber biomédico, no cenário das populações quilombolas.

Palavras-chave

Acesso aos Serviços de Saúde; Atenção Primária à Saúde; Grupo com Ancestrais do Continente Africano; Populações Vulneráveis; Saúde das Minorias Étnicas

Referencias

1 Fundação Cultural Palmares (BR). Certificação Quilombola. Brasil: quadro geral por estados e regiões [Internet]. Brasília: Fundação Cultural Palmares; 2021 [citado 2021 set 10]. Disponível em: http://www.palmares.gov.br/?page_id=37551

2 Cardoso CS, Melo LO, Freitas DA. Health conditions in quilombola communities. Rev Enferm UFPE On Line. 2018 abr;12(4):1037-45. http://dx.doi.org/10.5205/1981-8963-v12i4a110258p1037-1045-2018.

3 Leite IB. The Brazilian quilombo: ‘race’, community and land in space and time. J Peasant Stud. 2015 mai;42(6):1225-40. http://dx.doi.org/10.1080/03066150.2015.1016919.

4 Silva EKP, Medeiros DS, Martins PC, Sousa LA, Lima GP, Rêgo MAS et al. Insegurança alimentar em comunidades rurais no nordeste brasileiro: faz diferença ser quilombola? Cad Saude Publica. 2017 jun;33(4):e00005716. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00005716. PMid:28591371.

5 Silva EKP, Santos PR, Chequer TPR, Melo CMA, Santana KC, Amorim MM et al. Oral health of quilombola and non-quilombola rural adolescents: a study of hygiene habits and associated factors. Cien Saude Colet. 2018 set;23(9):2963-78. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018239.02532018. PMid:30281734.

6 Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (BR). Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Guia de orientação para a criação e implementação de órgãos, conselhos e planos de promoção da igualdade racial [Internet]. 2ª ed. Brasília: Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos; 2021 [citado 2022 jul 25]. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/centrais-de-conteudo/consultorias/seppir/GuiadeOrientao2021.pdf

7 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa e ao Controle Social. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: uma política do SUS [Internet]. 3ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2017 [citado 2021 set 10]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_saude_populacao_negra_3d.pdf

8 Lima EFA, Sousa AI, Leite FMC, Lima RCD, Souza MHN, Primo CC. Evaluation of the family healthcare strategy from the perspective of health professionals. Esc Anna Nery. 2016 abr/jun;20(2):275-80. http://dx.doi.org/10.5935/1414-8145.20160037.

9 Bousquat A, Giovanella L, Fausto MCR, Fusaro ER, Mendonça MHM, Gagno J et al. Tipologia da estrutura das Unidades Básicas de Saúde brasileiras: os 5 R. Cad Saude Publica. 2017 ago;33(8):e00037316. http://dx.doi.org/10.1590/0102-311x00037316. PMid:28832772.

10 Oliveira SKM, Pereira MM, Guimarães ALS, Caldeira AP. Self-perceived health among ‘quilombolas’ in northern Minas Gerais, Brazil. Cien Saude Colet. 2015 set;20(9):2879-90. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015209.20342014. PMid:26331519.

11 Oliveira EF, Camargo CL, Gomes NP, Campos LM, Jesus VS, Whitaker MCO. Follow-up consultations on growth and development: the meaning for quilombo mothers. Esc Anna Nery. 2018 out;22(1):e20170054. http://dx.doi.org/10.1590/2177-9465-ean-2017-0054.

12 Araújo RLMS, Araújo EM, Silva HP, Santos CAST, Nery FS, Santos DB et al. Condições de vida, saúde e morbidade de comunidades quilombolas do semiárido baiano, Brasil. Rev Baiana Saúde Pública. 2019 out;43(1):226-46. http://dx.doi.org/10.22278/2318-2660.2019.v43.n1.a2988.

13 Werneck J. Racismo institucional e saúde da população negra. Saúde Soc. 2016 jul/set;25(3):535-49. http://dx.doi.org/10.1590/s0104-129020162610.

14 Durand MK, Heidemann ITSB. Health of quilombolas women: dialog with the literature. Rev Pesq: Cuid Fundam. 2020 mai;12:203-10. http://dx.doi.org/10.9789/2175-5361.rpcfo.v12.7226.

15 Durand MK, Heideman ITSB. Social determinants of a quilombola community and its interface with health promotion. Rev Esc Enferm USP. 2019 mai;53:e03451. http://dx.doi.org/10.1590/s1980-220x2018007703451. PMid:31166533.

16 Freitas IA, Rodrigues ILA, Silva IFS, Nogueira LMV. Perfil sociodemográfico e epidemiológico de uma comunidade quilombola na Amazônia brasileira. Cuid (En Línea). 2018 mai;9(2):2187-200. http://dx.doi.org/10.15649/cuidarte.v9i2.521.

17 Souza VRS, Marziale MHP, Silva GTR, Nascimento PL. Translation and validation into Brazilian Portuguese and assessment of the COREQ checklist. Acta Paul Enferm. 2021 jun;34:eAPE02631. http://dx.doi.org/10.37689/acta-ape/2021AO02631.

18 Minayo MCS, Costa AP. Técnicas que fazem uso da palavra, do olhar e da empatia: pesquisa qualitativa em ação. Aveiro: Ludomedia; 2019.

19 Lima PM Fo, Silveira FLA, Cardoso LFC. O desfile da raça: identidade e luta quilombola em Salvaterra, ilha do Marajó, Pará. Rev Ambivalências. 2016 ago;4(7):87-105. http://dx.doi.org/10.21665/2318-3888.v4n7p87-105.

20 Nascimento LCN, Souza TV, Oliveira ICS, Moraes JRMM, Aguiar RCB, Silva LF. Theoretical saturation in qualitative research: an experience report in interview with schoolchildren. Rev Bras Enferm. 2018 jan/fev;71(1):228-33. http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2016-0616. PMid:29324967.

21 Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2016.

22 Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012 (BR). Aprova normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Diário Oficial da União [periódico na internet], Brasília (DF), 13 jun. 2013 [citado 2021 set 10]. Disponível em: https://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf

23 Azevedo ADM, Peres ES. A presença negra na Amazônia: um olhar sobre a Vila de Mangueiras em Salvaterra (PA). Rev Marupiíra. 2015 mai; [citado 2021 set 10];2:8-14. Disponível em: https://periodicos.uepa.br/index.php/marupiira/article/view/909

24 Nascimento EA, Silva AFA, Brandão VBG. Inserção social do trabalho: um estudo acerca dos remanescentes quilombolas da Comunidade Boa Sorte da cidade de Verdelândia - Minas Gerais. Humanid. 2016 jul; [citado 2021 set 10];5(2):32-47. Disponível em: https://www.revistahumanidades.com.br/artigo_no=a104.pdf

25 Silva EKP, Medeiros DS. Impact of oral health conditions on the quality of life of quilombola and non-quilombola rural adolescents in the countryside of Bahia, Brazil: a cross-sectional study. Health Qual Life Outcomes. 2020 set;18(1):318. http://dx.doi.org/10.1186/s12955-020-01567-x. PMid:32993764.

26 Zank S, Ávila JVC, Hanazaki N. Compreendendo a relação entre saúde do ambiente e saúde humana em comunidades quilombolas de Santa Catarina. Rev Bras Plantas Med. 2016 jan/mar;18(1):157-67. http://dx.doi.org/10.1590/1983-084X/15_142.

27 Pauli S, Bairros FS, Nunes LN, Neutzling MB. Prevalência autorreferida de hipertensão e fatores associados em comunidades quilombolas do Rio Grande do Sul, Brasil. Cien Saude Colet. 2019 set;24(9):3293-303. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232018249.28002017. PMid:31508750.

28 Feitosa MO, Gomes MEA, Fontoura IG, Pereira CS, Carneiro AMCT, Oliveira MC et al. Access to health services and assistance offered to the afro-descendant communities in Northern Brazil: a qualitative study. Int J Environ Res Public Health. 2021 jan;18(2):368. http://dx.doi.org/10.3390/ijerph18020368. PMid:33418905.

29 Rosa LGF, Araújo MS. Percepção de saúde de uma população quilombola localizada em região urbana. Aletheia. 2020 jan/jul; [citado 2021 set 10];53(1):109-20. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/aletheia/v53n1/v53n1a10.pdf

30 Miranda SVC, Oliveira JL, Sampaio CA, Rodrigues JF No. Cartografia das condições de trabalho de homens quilombolas e as intersecções para a informalidade e a saúde mental. Interface. 2021 abr;25:e200478. http://dx.doi.org/10.1590/interface.200478.

31 Janini JP, Bessler D, Vargas AB. Educação em saúde e promoção da saúde: impacto na qualidade de vida do idoso. Saúde Debate. 2015 abr/jun;39(105):480-90. http://dx.doi.org/10.1590/0103-110420151050002015.

32 Gama PA, Souza TC, Borges WD, Castro NJC. Práticas de cuidado e cura no quilombo Abacatal. Mundo Amazónico. 2019 jan;10(1):225-42. http://dx.doi.org/10.15446/ma.v10n1.66610.

33 Guerrero AFH, Alves AP, Libório GL, Freitas JV, Guerrero JCH. User satisfaction with health centers in Coari, Amazonas, Brazil. Rev Bioet. 2020 jul/set;28(3):500-6. http://dx.doi.org/10.1590/1983-80422020283413.

34 Siqueira SMC, Jesus VS, Camargo CL. The therapeutic itinerary in urgent/emergency pediatric situations in a maroon community. Cien Saude Colet. 2016 jan;21(1):179-89. http://dx.doi.org/10.1590/1413-81232015211.20472014. PMid:26816175.

35 Cunha EMGP. Recorte étnico-racial: caminhos trilhados e novos desafios. In: Batista LE, Werneck J, Lopes F, organizadores. Saúde da população negra [Internet]. 2ª ed. Brasília: Associação Brasileira de Pesquisadores Negros; 2012. p. 22-33 [citado 2021 set 10]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_populacao_negra.pdf

36 Faustino DM. The universalization of rights and the promotion of equity: the case of the health of the black population. Cien Saude Colet. 2017 dez;22(12):3831-40. http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320172212.25292017. PMid:29267702.

37 Carnut L. Cuidado, integralidade e atenção primária: articulação essencial para refletir sobre o setor saúde no Brasil. Saúde Debate. 2017 out/dez;41(115):1177-86. http://dx.doi.org/10.1590/0103-1104201711515.

38 Schveitzer MC, Zoboli ELCP, Vieira MMS. Nursing challenges for universal health coverage: a systematic review. Rev Lat Am Enfermagem. 2016 abr;24:e2676. http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.0933.2676. PMid:27143536.

39 Valeriano FR, Savani FR, Silva MRV, Baracho IPS, Santos MSC, Braga JA. Uso de plantas medicinais na comunidade quilombola do Veloso, povoado de Pitangui - MG. Braz J of Dev. 2020 dez;6(12):100701-18. http://dx.doi.org/10.34117/bjdv6n12-529.

40 Losso LN, Freitas SFT. Avaliação do grau da implantação das práticas integrativas e complementares na atenção básica em Santa Catarina, Brasil. Saúde Debate. 2017 set;41(Spe 3):171-87. http://dx.doi.org/10.1590/0103-11042017s313.

41 Prates LA, Possati AB, Timm MS, Cremonese L, Oliveira G, Ressel LB. Meanings of health care assigned by quilombola women. Rev Pesq: Cuid Fundam. 2018 jul;10(3):847-55. https://doi.org/10.9789/2175-5361.2018.v10i3.847-855.

42 Carmo TNBV, Araújo EM, Araújo RLMS, Pereira SRS, Silva HP, Souza BLM. Fatores associados a doenças crônicas não transmissíveis autorrelatadas em quilombolas do semiárido baiano. Rev Baiana Saúde Pública. 2021 mai;45(1):54-75. http://dx.doi.org/10.22278/2318-2660.2021.v45.n1.a3472.
 


Submitted date:
10/05/2022

Accepted date:
28/09/2022

67bf64b8a95395016f1a3f44 ean Articles

Esc. Anna Nery

Share this page
Page Sections