Living conditions of quilombo women and the achievement of reproductive autonomy
Condiciones de vida de mujeres de palenques y el alcance de la autonomía reproductiva
Condições de vida de mulheres quilombolas e o alcance da autonomia reprodutiva
Elionara Teixeira Boa Sorte Fernandes; Sílvia Lúcia Ferreira; Cláudia Suely Barreto Ferreira; Verônica Barreto Cardoso
Abstract
Objective: to explain the interference of the living conditions of quilombo women in reproductive autonomy.
Method: this is a qualitative study with 10 quilombo women aged between 23 and 49 years old, living in rural communities of the Identity Territory of Bahia Productive backlands. They attended the meetings and signed the Free and Informed Consent Form. Data were collected through focus groups and analyzed by Bardin's thematic analysis. NVivo software was used to organize the data. Data collection took place after approval by the Research Ethics Committee.
Results: Considering the fact that half of quantitative was primigravida women, the majority used oral contraceptives, did not use condoms, nor did they participate in reproductive planning. The data revealed that the reproductive autonomy of quilombo women suffers interference from patriarchy, however, it has been remodeling with the financial independence of women. After aggregating the registration units, three categories emerged: “I would have to marry and have a child!”, “Marks of submission and the achievement of autonomy” and “Reproductive planning: conflicts between freedom and obligation”.
Conclusion and implications for practice: unfavorable living conditions prevent quilombo women from fully experiencing reproductive autonomy; knowledge of these conditions may reveal real reproductive health needs and subsidize actions directed to this public
Keywords
Resumen
Palabras clave
Resumo
Objetivo: explicar a interferência das condições de vida de mulheres quilombolas na autonomia reprodutiva.
Método: trata-se de um estudo qualitativo com 10 mulheres quilombolas com idade entre 23 e 49 anos, residentes em comunidades rurais do Território de Identidade da Bahia Sertão Produtivo. Estas compareceram aos encontros e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram coletados através de grupos focais e analisados pela análise temática de Bardin. O software NVivo foi utilizado para organização dos dados. Procedeu-se à coleta de dados após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa.
Resultados: Considerando o fato de que metade do quantitativo de mulheres era primigesta, a maioria usava contraceptivo oral, não usava preservativo e nem participava do planejamento reprodutivo. Os dados revelaram que a autonomia reprodutiva das mulheres quilombolas sofre interferência do patriarcado, entretanto, vem se remodelando com a independência financeira das mulheres. Após agregação das unidades de registro, emergiram três categorias: “Teria que casar e ter filho(a)!”, “Marcas da submissão e a conquista da autonomia” e “Planejamento reprodutivo: conflitos entre liberdade e obrigação”.
Conclusão e implicações para a prática: condições de vida desfavoráveis impedem mulheres quilombolas de vivenciarem a autonomia reprodutiva em plenitude; o conhecimento dessas condições poderão revelar reais necessidades de saúde reprodutiva e subsidiar ações direcionadas a este público.
Palavras-chave
Referências
1 Upadhyay UD, Dworkin SL, Weitz TA, Foster DG. Development and validation of a reproductive autonomy scale. Stud Fam Plann. 2014;45(1):19-41.
2 Souzas R, Alvarenga AT. Direitos sexuais, direitos reprodutivos: concepções de mulheres negras e brancas sobre liberdade. Saude Soc. 2007 ago;16(2):125-32.
3 Santos NJS. Mulher e negra: dupla vulnerabilidade às DST/HIV/aids. Saude Soc. 2016 set;25(3):602-18.
4 Upadhyay UD, Karasek D. Women’s empowerment and ideal family size: an examination of DHS empowerment measures in sub-saharan Africa. Int Perspect Sex Reprod Health. 2012 jun;38(02):78-89.
5 Secretária Especial de Políticas para as Mulheres (BR). Plano Nacional de políticas para as mulheres [Internet]. Brasília; 2004 [citado 2004 Ago 7]. Disponível em:
6 Prates LA, Ceccon FG, Alves CN, Wilhelm LA, Demori CC, Silva SC et al. A utilização da técnica de grupo focal: um estudo com mulheres quilombolas. Cad Saude Publica. 2015 dez;31(12):2483-92.
7 Pereira COJ, Ferreira SL. Experiências de mulheres quilombolas com planejamento reprodutivo e assistência no período gravídico-puerperal. Feminismos. 2016;4(3):47-61.
8 Gatti BA. Grupo focal na pesquisa em Ciências Sociais e Humanas. Brasília: Líber Livro Editora; 2005.
9 Bardin L. Análise de conteúdo. 5. ed. Lisboa: Edições 70; 2016.
10 Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012 (BR). Diário Oficial da União, Brasília (DF), 13 jun 2012.
11 Mussi RFF, Mussi LMPT, Bahia CS, Amorim AM. Atividades físicas praticadas no tempo livre em comunidade quilombola do alto sertão baiano. Licere. 2015;18(1):157-87.
12 Oliveira RS. Mães solteiras e a ausência do pai: questão histórica e novos dilemas. Elaborar. 2015;3(1):79-91.
13 Marion Filho PJ, Reichert H. Condicionantes econômicos e sociais da fecundidade no Brasil. Cienc Soc Perspect. 2017;16(30):39-57.
14 Oliveira SKM, Pereira MM, Freitas DA, Caldeira AP. Saúde materno-infantil em comunidades quilombolas no norte de Minas Gerais. Cad Saude Colet. 2014 set;22(3):307-13.
15 Oliveira MV, Guimarães MDC, França EB. Fatores associados a não realização de Papanicolau em mulheres quilombolas. Cien Saude Colet. 2014 nov;19(11):4535-44.
16 Morais ACB, Ferreira AG, Almeida KL, Quirino GDS. Participação masculina no planejamento familiar e seus fatores intervenientes. Rev Enferm UFSM. 2014 nov 19;4(3).
17 Pedro VM, Mariano EC, Roelens K, Osman NMRB. Percepções e experiências dos homens sobre o planejamento familiar no sul de Moçambique. Physis Rev Saúde Coletiva. 2016 out;26(4):1313-33.
18 Garcia S, Souza FM. Vulnerabilidades ao HIV/aids no Contexto Brasileiro: iniquidades de gênero, raça e geração. Saude Soc. 2010 dez;19(Supl. 2):9-20.
19 Grace KT, Anderson JC. Reproductive coercion: a systematic review. Trauma Violence Abuse. 2018 Oct;19(4):371-90.
20 Baiden F, Mensah GP, Akoto NO, Delvaux T, Appiah PC. Covert contraceptive use among women attending a reproductive health clinic in a municipality in Ghana. BMC Womens Health. 2016;16(1):31.
21 Alemayehu M, Lemma H, Abrha K, Adama Y, Fisseha G, Yebyo H et al. Family planning use and associeted factors among pastoralist comunity of afar region, eastern Ethiopia. BMC Womens Health. 2016;16(39):1-9.
22 Sano Y, Antabe R, Atuoye KN, Braimah JA, Galaa SZ, Luginaah I. Married women’s autonomy and postdelivery modern contraceptive use in the Democratic Republic of Congo. BMC Womens Health. 2018;18(49):1-7.
23 Nogueira IL, Carvalho SM, Tocantins FR, Freire MAM. Male participation in reproductive planning: an integrative review. Rev Pesqui Cuid Fundam Online. 2018 Jan 9;10(1):242.
24 Casarin ST, Siqueira HCH. Family planning and men’s health from nurses’ perspective. Esc Anna Nery Rev Enferm. 2014;18(4).
25 Cruz R, De Morais ACB, Pinto SDL, Amorim LTCG, Sampaio KJDAJ. Participação masculina no planejamento familiar: o que pensam as mulheres? Cogitare Enferm. 2014 dez 19;19(4).
26 Leão N, Candido MR, Campos LA, Ferez Jr J. Relatório das desigualdades de raça, gênero e classe. Rio de Janeiro: Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa; 2018. (no. 2).
27 Gomes KO, Reis EA, Guimarães MDC, Cherchiglia ML. Utilização de serviços de saúde por população quilombola do Sudoeste da Bahia, Brasil. Cad Saude Publica. 2013 set;29(9):1829-42.
Submetido em:
14/05/2020
Aceito em:
21/09/2020