“LAVAR ROUPA TODO DIA QUE AGONIA”: ANÁLISE SOCIAL DO COTIDIANO DE MULHERES NEGRAS LAVADEIRAS
João Paulo da Silva (UFPI)
Resumo
A pesquisa em comento tem por finalidade fazer um estudo socio antropológico do cotidiano de mulheres negras que laboram na lavanderia Comunitária do Morro da Esperança. Assim, a luz das práticas sociais presentes na vida das pesquisadas, far-se-á uso de narrativas biográficas, em forma de entrevista aberta, para compreender os processos sociais que construíram estas mulheres e a forma como foram conduzidas a este oficio. Por ser um grupo de mais de 20 mulheres, a pesquisa limitará a análise e coleta de dados a partir da trajetória de vida de 5 (cinco) mulheres negras, que estão há mais de 25 anos como lavadeiras na Lavanderia em estudo. Tal delimitação faz se preciso, pois nas narrativas pessoais destas poder-se-á constatar, para além do ingresso e permanência em atividade doméstica e não regulamentada enquanto profissão com todos os direitos legais, as implicações e percalços de existir, por intermédio de opressões que partem do gênero, vez que mulheres, e da raça, vez que negras. Trabalhar a classe será imprescindível no estudo, vez que a produção de riquezas ocorridas no Brasil deriva de um período escravocrata longo, em que foi permitido a escravização de indivíduos de minorias étnicas. Para se falar de classe, há de se falar de raça em nosso país. Através do uso de interseccionalidades, as sujeitas de pesquisas, em suas narrativas, conduzirão seus diálogos junto a autoras que reservam aos seus campos de estudos a análise da condição e situação das mulheres negras em uma sociedade. Por fim, ao campo teórico, far-se-á uso de epistemologia decolonial com priorização dos saberes produzidos por mulheres negras e autores africanos e latino-americanos, vez que a base do feminismo negro não comporta produção de saberes que pensem um ser universal. O ser universal é um homem, este homem é branco, cristão e em seu pensamento forma outros seres humanos, a partir da concepção do outro. Homens brancos formas “outros”: mulheres, negros, lgbt. Reconheçamos, neste processo de fazer/saber, outros “eus”, a partir de autoras outras.
Palavras-chave
Referências
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Submetido em:
06/08/2019
Revisado em:
11/08/2019
Aceito em:
13/08/2019
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